Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Livro de nus com 'mulheres reais' é adaptado para TV

'302', série baseada em ensaio do carioca Jorge Bispo, estreia neste sábado

Produção concentra-se nas histórias de abusos e violências sofridos, traumas e vaidades das garotas fotografadas

DAIGO OLIVA EDITOR-ASSISTENTE DA "ILUSTRADA"

Uma parede branca, um chão de taco, uma tomada aparente e mulheres que não atendem ao padrão de revistas de beleza. Esta foi a fórmula do fotógrafo carioca Jorge Bispo para os retratos de seu livro, "Apartamento 302".

Ali, garotas com corpos "reais" posaram nuas, combinando o fetiche da menina que vive no apartamento ao lado com o discurso que vai contra o modelo de perfeição propagandeado em publicações masculinas e femininas.

Na madrugada de sábado (20) para o domingo, uma versão do livro de Bispo estreará na TV. Em "302", seriado de 26 episódios exibido pelo Canal Brasil, as imagens das garotas posando ainda estão lá, mas o foco agora se concentra nas histórias de cada mulher.

Vaidade, traumas, histórias de abuso e preconceitos são alguns dos temas relatados pelas personagens para justificar a decisão de posar nua.

"Eu não queria um making of das fotos ou um ensaio em vídeo. O caminho para a adaptação era falar das mulheres, contar o que existia por trás das imagens", explica Bispo, 38, que já fotografou para revistas masculinas como a "Playboy" e a "Sexy".

"Durante a produção do livro, eu recebi mensagens de agradecimento, sempre com os motivos para elas terem posado. Percebi o quanto as histórias eram poderosas."

Na versão para a TV, meninas que já haviam fotografado para o livro repetem a dose, mas há também outras que estiveram no apartamento pela primeira vez. É o caso da cadeirante Luciana Trindade, que sofre de uma distrofia muscular diagnosticada aos 12 anos de idade.

Para a francesa Nathalie Melot, 32, que participou tanto da publicação quanto do seriado, a experiência é também uma forma de questionar o tabu da nudez no Brasil.

"Na França é muito natural ver corpos nus, tem a ver com a história da arte. Aceitei participar porque acredito que a mulher pode ser vista sem ser um objeto sexual", afirma ela, que vive no Rio de Janeiro há quatro anos.

Assim como no livro, todo em preto e branco, cada vez que as garotas chegam ao apartamento do carioca, as cores vão embora e as cenas se tornam monocromáticas.

Bispo, que se define como uma pessoa tímida, nunca aparece claramente no programa. Ele foi o único homem durante as gravações e só é mostrado por meio de sua voz ou em imagens desfocadas.

Daniela Gleiser, 33, uma das diretoras da série, diz que contar com uma equipe só com mulheres foi essencial para a condução das filmagens.

"Eu sei o que é não ter um peru. Era mais aconchegante para elas ter apenas mulheres", defende a diretora. "A tentativa era de um nu não só do corpo, mas completo, que a pessoa falasse sobre ela."

Para o fotógrafo, o programa tem uma pegada feminista, mas, sobretudo, feminina.

"Na verdade, é um programa para todos. Tem boas histórias e todos gostam de boas histórias", completa ele.


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página