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Análise

Quem quer entender o mundo de 2014 precisa retornar a 1914

RICARDO BONALUME NETO DE SÃO PAULO

2014: são cem anos desde o começo da Primeira Guerra Mundial (1914-1918). Os canhões voltaram a entrar em ação na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), que também envolveu gente de todos os continentes.

Por que essas guerras despertariam interesse hoje?

É simples. Foram os dois eventos mais importantes, aqueles que marcaram todo o século passado para a maior parte dos habitantes do planeta, e ainda o fazem agora.

É algo óbvio: seria possível entender o século 21 sem conhecer a história do século 20? Mas, refinando a pergunta: quais eventos ajudam com mais clareza a explicar o mundo de hoje, as notícias que chegam instantaneamente pela TV, pela internet?

O que está por trás de crises entre Rússia e Ucrânia, Israel e países árabes, Japão e China, ou mesmo das guerras do Vietnã e do Iraque nas quais os EUA se envolveram? As duas grandes guerras.

Guerras são, para usar um clássico clichê, as "parteiras da história". Os "bebês" podem ser monstros ou anjos.

O conflito de 1914 a 1918 matou cerca de 10 milhões de pessoas e recebeu o nome de Grande Guerra. O nome teve de ser revisto para Primeira Guerra Mundial porque entre 1939 e 1945 o novo conflito matou ainda mais gente --o número mais citado é o redondo 50 milhões de mortos, mas pode ter sido mais.

São números difíceis de entender. "Três milhões de judeus mortos na Polônia nos causam uma inquietação moderada. Estatísticas não sangram; é o detalhe que conta", afirmou o escritor húngaro Arthur Koestler. O líder soviético Joseph Stálin foi mais brutal: "Uma morte é uma tragédia, 1 milhão de mortes é uma estatística". No total, foram 6 milhões de judeus europeus chacinados pelos nazistas, mais de 20 milhões de soviéticos mortos na maior campanha militar da história, a luta na frente leste europeia.

A Europa entrou em uma grande "guerra civil" em 1914. Nações que se consideravam civilizadas, os berços da ciência e da arte do mundo ocidental, usaram armas químicas para matar seus inimigos, quando não conseguiam fazê-lo com canhões e metralhadoras.

GUERRA TOTAL

Mas a influência das guerras foi além da frente de batalha. Elas não envolveram apenas as forças armadas dos beligerantes. Toda a sociedade foi mobilizada para aquilo que se chamou de "guerra total".

A sociedade de massas criou a guerra feita não mais por milhares de soldados profissionais, mas por milhões de reservistas. Toda a população dos países em luta foi recrutada seja para o combate, seja para a indústria ou agricultura, produzindo armas e alimentos em escala gigantesca --e isso incluiu pela primeira vez grande número de mulheres.

O desenvolvimento dos meios de comunicação, rádio, jornais e revistas de grande circulação, contribuiu para disciplinar e justificar esse esforço perante a população.

Nada no século escapou de ser tocado pelas duas guerras. Adolf Hitler e seu partido Nacional Socialista foram os monstros paridos depois da Primeira Guerra, resultando no horror ainda maior da Segunda. Quem quiser entender 2014 deve começar a pesquisa em 1914.


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