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Crítica - Terror

Filme apela para sustos fáceis, mas convence

'Livrai-nos do Mal' narra processo de conversão de policial, da incredulidade absoluta à aceitação total à religião

A RELAÇÃO COM AS MÚSICAS DOS DOORS É COISA DE CALOURO UNIVERSITÁRIO À PROCURA DE SENTIDO PARA AS LETRAS DA BANDA

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Livrai-nos do Mal", com seu título extraído da oração cristã "Pai Nosso" (como o original, "Deliver Us from Evil"), é obviamente um filme de terror. Mais: um filme com exorcismo.

Foi realizado por Scott Derrickson, dos irregulares "O Exorcismo de Emily Rose" (2005) e "A Entidade" (2012), ou seja, alguém que se arrisca há alguns anos no gênero.

Um de seus filmes preferidos é "O Exorcista" (1973), de William Friedkin. Não diga...

Apresentado inicialmente como uma aventura de guerra, com soldados americanos em missão no Iraque, o filme passa, em seguida, a mostrar policiais de Nova York em investigações: um bebê encontrado na lata do lixo, uma mulher espancada pelo marido, um outro bebê atirado aos leões por sua própria mãe.

A progressão para uma história de horror é feita com habilidade, porque o filme adere ao ponto de vista do policial Ralph Sarchie, interpretado por Eric Bana, que inicialmente só acredita em coisas que pode ver ou tocar.

Mais do que a resolução de um caso sério de possessão demoníaca, então, o filme narra o processo de conversão do agente da polícia, da incredulidade absoluta à aceitação religiosa total.

Nesse processo, ele conta com a ajuda de um jovem padre, vivido pelo venezuelano Édgar Ramírez, que, no passado, era viciado em drogas.

THE DOORS

"Livrai-nos do Mal" é baseado no livro de não ficção "Beware the Night", que conta a história de Ralph Sarchie, com texto escrito a quatro mãos, por ele e pela jornalista americana Lisa Collier Cool.

A tarefa dos roteiristas Derrickson e Paul Harris Boardman é transformar os relatos de Ralph numa obra de ficção. Essa transformação apresenta alguns problemas.

A relação com as músicas da banda The Doors --que tem canções na trilha sonora e uma importância no enredo-- é coisa de calouro universitário à procura de um sentido para as letras de Jim Morrison (por sinal, Ramírez é parecido com o líder dos Doors).

Há também uma preferência por sustos fáceis, clichê do horror desde os anos 1970.

Ainda assim, "Livrai-nos do Mal" convence, sobretudo pela maneira como nos insere de modo gradativo numa atmosfera angustiante.

Em entrevistas, Derrickson mostrou saber que é no horror, mais do que em qualquer outro gênero, que se pode experimentar melhor com som e imagem, mesmo dentro de uma limitação comercial.

Se não dá para dizer amém a tudo que ele experimenta aqui, ainda assim o filme representa um progresso em sua carreira até então medíocre.


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