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MIS é alvo de embate entre 'paz' e 'diversão'

Moradores do Jardim Europa reclamam que exposições e festas do museu causam barulho e transtorno no trânsito

Em defesa do MIS, foi marcado para este sábado um 'churrascão da gente diferenciada' na rua Bucareste

MARCO RODRIGO ALMEIDA DE SÃO PAULO

Mais badalado museu de São Paulo nos últimos anos, o MIS (Museu da Imagem e do Som) enfrenta fogo cruzado.

Nesta semana, veio a público abaixo-assinado de moradores da rua Bucareste, localizada nos fundos do museu, no Jardim Europa (bairro de classe média alta na zona oeste), contra a instituição.

Os moradores se queixam de barulho na rua, de festas durante a noite, de transtornos no trânsito gerados por ônibus que levam crianças para a mostra "Castelo Rá-Tim-Bum" e caminhões que entregam mercadorias.

"Os ônibus param em fila dupla para deixar as crianças. Fica uma fila enorme e logo começam as buzinas. Muitas vezes fica assim o dia inteiro", diz Maria Aparecida Brecheret, uma das autoras da carta.

A Bucareste é uma rua estreita de mão dupla. Na terça (23), quando a Folha esteve lá, veículos que se dirigiam ao museu ficavam estacionados em espaço delimitado por cones. Não houve tumulto.

"Acho ótimo um museu ser popular, mas não pode incomodar os vizinhos. Pela lei de zoneamento, aqui é uma área estritamente residencial. Ninguém aqui é contra arte", conta a moradora Martha Autran. Ela é irmã do ator Paulo Autran. Maria Aparecida é nora do escultor Victor Brecheret.

Em nota, o MIS informou que recebeu a carta e tomou medidas imediatas, como colocar cones, limitar horários de entregas, fixar placa informando que veículos estacionados em frente a garagens não serão recebidos. Informa ainda que a festa mensal Green Sunset termina às 22h.

"Não é um público que faça tumultos. Mais de 40 mil pessoas por mês vão ao MIS para se divertir e aprender. Infelizmente, algumas pessoas ficam infelizes com isso", diz o diretor do MIS, André Sturm.

O abaixo-assinado gerou indignação nas redes sociais. Os signatários foram acusados de preconceito. Petição on-line foi criada em defesa do MIS. Um "churrascão da gente diferenciada" foi marcado neste sábado (16h), entre a Bucareste e a Luxemburgo. Quase 8.000 pessoas confirmaram presença pelo Facebook.

O "churrascão" é uma continuação do protesto ocorrido em Higienópolis há três anos, contra os moradores do bairro que tentaram impedir a instalação de metrô no local.

"Não tem preconceito, e não tem qualquer relação com o caso de Higienópolis", afirma Maria Aparecida. "Só pedimos organização e educação."

Sturm assumiu a direção do MIS há três anos. Em sua gestão, o público saltou de 86 mil em 2011 para 256 mil em 2013. O êxito de público, de certa forma, também trouxe problemas ao museu.

Em julho, o portão de ferro entre o MIS e o MuBE (Museu Brasileiro da Escultura), aberto há sete anos, foi fechado. Olívio Guedes, conselheiro dos dois museus, diz que o MuBE decidiu fechá-lo porque suas calçadas e seu jardim foram danificados pelo grande público do MIS.

"É fantástico ser um museu popular, mas o MIS cresceu tanto que não tem capacidade para atender a todo esse público", diz Guedes.

No dia 13/9, o MIS foi multado em R$ 2,5 mil por fazer uma festa para mais de 250 pessoas sem ter um alvará específico. O museu recebeu 796 pessoas. A licença de funcionamento está em análise na subprefeitura de Pinheiros.

Três dias depois, uma caneta de Graciliano Ramos sumiu da exposição em homenagem ao escritor no museu. O MIS reforçou a segurança.


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