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Crítica romance

Problemas de primeiro mundo dificultam empatia com trama

DOUGLAS LAMBERT EDITOR-ASSISTENTE DA "TV FOLHA"

"Será Que?" tem o mérito de introduzir o investimento na carreira como um novo elemento na batida história da pessoa --quase sempre uma mulher-- que se vê presa entre o amante atual e a descoberta do desejo pelo melhor amigo.

Lá pelas tantas, Chantry (Zoe Kazan) está em dúvida entre viajar o mundo ao lado do namorado, um advogado bem-sucedido que trabalha para a ONU, ficar na belíssima Toronto ao lado do melhor amigo e possível amor de sua vida, Wallace (Daniel Radcliffe), ou se mudar para Taiwan ao aceitar uma promoção.

Zoe Kazan é competente no papel da artista em crise, mas a casa linda, o namorado apaixonado, o emprego ideal e as amigas compreensivas que tem fazem com que o sofrimento imposto pela dúvida ganhe ares de chororô.

Daniel Radcliffe deveria funcionar como um contraponto a esse mundo tão perfeito, mas a construção do seu personagem não ajuda.

O estudante de medicina que, ao flagrar a namorada beijando um professor, largou o curso e desistiu de amar, tem problemas tão bobos quanto descumprir o pedido da irmã de não deixar o sobrinho assistir a filmes de terror.

Assim, mesmo com o refresco na fórmula, a escolha por ambientar a história em um cenário tão fora da realidade faz com que qualquer tentativa de estabelecer conexão, ou mesmo empatia, com os personagens seja praticamente impossível.

Tudo é muito fofinho, lindinho, arrumadinho e engraçadinho. Faltaram apenas os animais falantes aparecerem para tudo virar um conto de fadas cuja vilã principal é a felicidade.

Na internet é possível encontrar um bom diagnóstico para esse tipo de situação: problema de gente do primeiro mundo.

Poxa, quem não gostaria de se ver preso em uma encruzilhada cujos caminhos, apesar dos espinhos no início, parecem inevitavelmente conduzir à felicidade plena?


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