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Crítica - Animação

'Os Boxtrolls' é fábula política afiada em universo infantil

RICARDO CALIL CRÍTICO DA FOLHA

Num país dominado pelo medo, uma elite obcecada por supérfluos vive encastelada, uma força de segurança vende serviços inventando ameaças da classe mais baixa --e esta, que sobrevive de catar lixo, é obrigada a viver escondida, em condições insalubres.

Parece um filme político passado num país real --que poderia ser o Brasil. Mas trata-se da animação em stop-motion "Os Boxtrolls", do estúdio Laika (de "Coraline", de 2009, e "ParaNorman", de 2012), baseado no livro infantil "A Gente é Monstro!", de Alan Snow.

O país do filme chama-se Pontequeijo, onde a deslumbrada classe alta adora chapéus elegantes e queijos finos (eles usam o dinheiro de um hospital infantil para criar um laticínio gigante).

Sonhando em ter acesso a esses bens, um exterminador de pragas chamado Arquibaldo Surrupião promete acabar com os boxtrolls, monstros que, segundo ele, raptaram uma criança e planejam roubar queijos.

Na verdade, os boxtrolls são criaturas pacíficas e amedrontadas, que vivem de reciclar lixo nos subterrâneos do país e adotaram um garoto órfão --que, ao crescer, elabora um plano para salvá-los do exterminador.

Ou seja, "Os Boxtrolls" traz a luta de classes para o universo da animação --e resulta em uma fábula política afiada, sem que os aspectos fantásticos sejam renegados.

O filme não chega a criar um mundo tão fascinante quanto o de "Coraline", a primeira e ainda melhor obra do estúdio Laika. Na verdade, demora um pouco a engrenar, com uma narrativa um tanto truncada em sua primeira meia hora.

Mas a capacidade de entretenimento cresce à medida que os carismáticos boxtrolls ganham a cena, e o avanço técnico e estético da Laika, de "Coraline" para cá, é absolutamente notável.

Aliás, não vá embora do cinema quando a narrativa parecer acabar. Há uma bela cena extra que rende homenagem aos artistas que fizeram a animação.

Ela mostra como o stop-motion (animação quadro a quadro, em geral com personagens de massinha) continua sendo um artesanato trabalhoso e delicado na era do cinema industrial.


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