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Crítica - Documentário

Filme acerta o foco ao contar libertação de Angela Davis

Produção mostra campanha de apoio nos EUA à ativista negra nos anos 70

ELEONORA DE LUCENA DE SÃO PAULO

"Macaca horrorosa!" "Volte para a África!"

Angela Davis enfrentou insultos desse tipo --bem conhecido dos brasileiros. Mulher, negra e comunista, ela se tornou um ícone da defesa dos direitos humanos. Enfrentou o poder conservador nos EUA e inspirou uma onda mundial em torno das liberdades políticas, contra o racismo e o machismo.

Parte de sua trajetória está nas telas agora no documentário "Libertem Angela Davis", de Shola Lynch. Recheado de imagens históricas, o filme traz entrevistas com ativistas e recupera a rica atmosfera das manifestações nos anos 1960 e 1970.

Nascida no Alabama, Davis estudou filosofia em Frankfurt, na Alemanha, onde foi aluna do marxista Herbert Marcuse (1898-1979). Da Europa, viu a ascensão do movimento Panteras Negras. Voltou aos EUA para unir militância política e trabalho intelectual.

Contratada como professora pela Universidade da Califórnia em Los Angeles, sua primeira aula reuniu 2.000 estudantes, conta uma colega de Davis no filme. Sua tenaz defesa dos direitos humanos e do socialismo provocou a ira da direita.

Houve uma enxurrada de ameaças e insultos. Ronald Reagan era governador da Califórnia, e ela acabou sendo demitida por ser membro do Partido Comunista. Protestando contra a censura política e o racismo, Davis recebeu uma avalanche de solidariedade.

Seu apoio político cresceu quando foi acusada de envolvimento em uma frustrada tentativa de fuga de réus negros, que resultou na morte de um juiz e outras três pessoas, em 1970, na Califórnia. Presa após uma caçada do FBI pelos EUA, Davis conheceu os terrores da prisão e do sistema de Justiça.

Do lado de fora, uma imensa campanha mundial exigiu sua libertação. John Lennon e os Rolling Stones fizeram músicas em sua homenagem. Advogados, testemunhas e a própria Davis travaram uma profunda batalha no tribunal, galvanizando opiniões e provocando a ira do então presidente Richard Nixon.

Focada nesse episódio, a fita deixa de mostrar como foi a vida após a absolvição, em 1972, da ativista hoje com 70 anos. Lynch, a diretora, opta por uma narrativa didática e tensa. Acerta o ponto ao recuperar uma história que ainda tem rastros nas ruas de Ferguson, nas arquibancadas de Porto Alegre ou nas prisões de São Paulo.


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