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Crítica - Documentário

Filme contrapõe realidade dos pacientes e burocracia estatal

ANDRÉ BARCINSKI ESPECIAL PARA A FOLHA

Na primeira cena de "Ilegal", Katiele Fischer, mãe de Anny, uma menina de cinco anos, telefona para a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) pedindo a liberação do medicamento da filha.

Anny sofre de um tipo incurável de epilepsia, que lhe causa cerca de oito convulsões por dia. O remédio, Canabidiol (CBD), tem na composição a Cannabis sativa, e está retido nos Correios, vindo dos Estados Unidos. Katiele não tem sucesso. A atendente sugere que ela leia uma norma da agência e procure os Correios.

A cena contrapõe duas realidades: a realidade fria da burocracia estatal e a realidade trágica dos pacientes que precisam da maconha medicinal e ficam à mercê da lentidão e incompetência do Estado.

Mais que um documentário sobre o uso terapêutico da maconha, "Ilegal" é um relato dolorido sobre famílias condenadas a sofrer por causa da burocracia, ignorância e atraso.

O que dizer de uma mãe que usa maconha para aliviar dores causadas pela arrasadora quimioterapia a que teve de se submeter e acaba acusada de tráfico internacional de drogas? Ou de médicos que temem prescrever CBD, com medo de serem proibidos de trabalhar? Ou de mães que, temendo a polícia, recebem os remédios do exterior escondidos em caixas de presentes?

Em outra cena marcante, Katiele anda pelos corredores do Congresso Nacional, depois de pedir a deputados a retirada do CBD da lista de remédios proibidos e de ouvir promessa em cima de promessa. "Agora vai!", diz, cheia de esperança.

Mas ela logo descobre que, em Brasília, ninguém tem a mesma pressa que ela.


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