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Crítica - Drama

Questão social serve apenas de tempero para aventura exótica

CÁSSIO STARLING CARLOS CRÍTICO DA FOLHA

"Estamos ricos! Graças a Deus! Vamos fazer uma revolução!"

Estas frases exclamadas no final de "Trash "" A Esperança Vem do Lixo" sugerem que o filme realizado pelo diretor britânico Stephen Daldry na "selva" brasileira tem a justiça social como tema principal.

A trama "robinhoodiana" sobre três garotos moradores de uma favela que descobrem uma fortuna roubada por um deputado corrupto pode atrair uma plateia composta pelos neorevolucionários que adotaram as redes sociais como campo de guerrilha.

Em busca dessa receptividade, "Trash" parece, em sua primeira parte, uma retomada dos caminhos de "Cidade de Deus" (2002).

O retrato da vida nas favelas com uma edição frenética, a escolha de crianças como protagonistas-narradores, a trilha sonora cheia de batidões, além da presença de Leandro Firmino num papel subalterno, evocam o bem-sucedido longa de Fernando Meirelles, cuja O2 participa da produção.

A miséria e a violência aqui, contudo, são muito mais cosméticas do que aquela usada como munição contra a eficiência do filme de Meirelles.

O lixão e a água imunda em que os personagens chafurdam, por exemplo, revelam como "Trash" é um "Quem Quer Ser um Milionário?" (2008) made in Rio. Como no premiado filme de Danny Boyle, o social só serve de tempero local para uma aventura exótica feita para consumo global.

Como lá, assim que o roteiro permite, Daldry desencarrega-se dos elementos engajados, que nunca vão além da caricatura, para se concentrar na fantasia, infantil como fazia com alguma graça em seu filme de estreia, "Billy Elliot" (2000).

Esperar mais do que isso é dar mais importância ao que não tem.


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