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Crítica - Comédia

'Attila Marcel' só vale pela cena inicial

Abertura, que remete a 'Os Embalos de Sábado à Noite' é boa, mas há trechos constrangedores

SÉRGIO ALPENDRE COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Muitos espectadores entram atrasados no cinema porque preferem ficar na fila da pipoca. Podem perder, com isso, a abertura do filme.

E alguns filmes arrebentam na abertura. Muitos que Brian de Palma dirigiu, por exemplo. Hitchcock era outro craque em arrebatar o público nas primeiras imagens. Exemplos se multiplicam.

Em "Attila Marcel", de Sylvain Chomet, a abertura remete diretamente a "Os Embalos de Sábado à Noite" (1977), longa de John Badham que confirmou John Travolta como astro.

É a segunda experiência de Chomet com atores após as animações "O Mágico", de 2010, e "As Bicicletas de Belleville", de 2003 (antes ele dirigiu um segmento de "Paris, Te Amo").

Attila Marcel (Guillaume Gouix), de jaqueta marcada com seu nome, jinga pelas ruas ao som de uma melodia dançante.

Logo percebemos que acompanhamos esse personagem pelo ponto de vista de um bebê em seu carrinho.

Attila cumprimenta todo mundo pelo caminho, promovendo um encontro de estilos, do hippie ao punk, sendo que ele mesmo parece representar a disco music. Há até uma referência a clipes da banda de rock ZZ Top.

A sequência termina com o personagem do título gritando para o bebê, como num filme de terror.

E a próxima sequência nos informa que o bebê cresceu, tem o mesmo rosto do homem que gritou (exceto pelos cabelos curtos), e acaba de despertar de um pesadelo.

Ele na verdade é Paul, filho do lutador Attila.

Paul é mudo, vive com as tias solteironas --Annie (Bernadette Lafont, musa da nouvelle vague, morta em julho de 2013) e Anna (Hélène Vincent, coadjuvante veterana do cinema francês)-- e se envolve com Madame Proust (Anne Le Ny), uma vizinha estranha.

Paul é marcado pela tragédia: aos dois anos de idade, testemunhou a morte dos pais. Mas é uma tragédia também a ideia de permear o relato com flashbacks que adotam o seu ponto de vista quando bebê.

Nesses momentos, o filme se transforma num musical constrangedor.

A abertura, com seu jogo de referências e estilos que os compradores de pipoca correm o risco de perder, é uma das poucas sequências razoáveis de "Attila Marcel".


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