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Humor incorreto dá tônica de espetáculo

Em 'Uganda Be Kidding Me Live', Chelsea Handler faz piada com negros, judeus, homossexuais e consigo mesma

Show de stand-up da atriz e humorista americana já está disponível no site de TV sob demanda Netflix

VITOR MORENO DE SÃO PAULO

"Tem negros aqui? Sorriam para que eu possa vê-los", pede a louríssima Chelsea Handler, ao começar seu show de stand-up comedy. A piada dá o tom do polêmico programa "Uganda Be Kidding Me Live" (um trocadilho que junta o nome do país africano com a expressão em inglês "você está me gozando").

O espetáculo é baseado no livro homônimo da comediante, apresentadora e atriz, que chegou a encabeçar a lista de mais vendidos na categoria não ficção do jornal "The New York Times" em março deste ano. No texto, ela fala de experiências de viagens, incluindo uma que fez à África.

Desde a última sexta-feira (10), uma das apresentações da turnê, gravada em junho, em Chicago, está disponível no serviço de vídeos sob demanda Netflix.

Entre outras piadas sobre o continente africano, Handler, 39, conta como reagiu quando a amiga Hannah ("uma judia muito fraquinha") sugeriu que as duas seriam estupradas. "Isso é muito racista", teria dito. "Esses são os nossos guias do safári. Se eles forem nos estuprar, será no último dia [da viagem]."

Durante pouco mais de uma hora, ela faz piada consigo mesma, mas também com a amiga lésbica, com a maquiadora "mal comida" e com o pai, que teria se tornado gay em um asilo só para homens. Ela conta ainda sobre quando alugou um jatinho para enviar seu cachorro para o Canadá, já que ele não poderia ir de trem por ser "meio judeu".

"Como comediante, você tem que ser democrático e fazer graça de todo mundo", diz Handler à Folha. "Se for fazer piada com judeus, é bom fazer piada sobre cristãos também", completa ela.

"A natureza do trabalho do comediante é achar humor em coisas que não são tão engraçadas", defende. "Se você não entende meu humor, não deve me assistir. É uma escolha que todos podem fazer."

CRIANÇAS FEIAS

A humorista diz que evita qualquer tipo de autocensura. A medida vale também para quem a assiste. "As pessoas já sabem que tentar me censurar é um esforço em vão."

Ela diz que os únicos temas sobre os quais acredita não ser possível fazer piada são pessoas que estão no leito de morte e crianças feias. "Seria muita malvadeza", avalia.

"Eu não tento chocar as pessoas, minha personalidade é assim", afirma. "Quando eu tinha três anos de idade, já falava desse jeito e meus pais não sabiam o que fazer comigo. Só fico surpresa de ter feito uma carreira apenas sendo eu mesma."

Handler ficou mais conhecida como apresentadora do "talk show" "Chelsea Lately", do canal pago E! Entertainment, que durou sete anos. Ela encerrou o programa em agosto e anunciou que estava de mudança para a internet.

Além do show de humor, a apresentadora vai comandar o primeiro "talk show" entre as produções originais do Netflix. O programa, que entra no ar apenas em 2016 --inclusive no Brasil--, deverá contar com os comentários ácidos dela, bem como entrevistas e convidados.

Ela também está participando da criação de quatro especiais temáticos a estrear no serviço ao longo de 2015.

"É muito estimulante ter o mundo todo como audiência", diz ela sobre a nova casa. "Não quero ficar só nos EUA. É ótimo, mas por que não conquistar o resto do mundo?"


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