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Brasil ganha espaço na maior feira de arte das Américas

Catorze galerias do país foram à Art Basel Miami Beach, encerrada ontem

Também realizado na Suíça e em Hong Kong, evento recebe críticas por extravagância de seus frequentadores

SILAS MARTÍ ENVIADO ESPECIAL A MIAMI

Diante da piscina art déco do hotel Raleigh, em Miami, Marc Spiegler, num terno bege, era o centro das atenções e alvo dos fotógrafos. Rodeado dos mandachuvas da arte contemporânea, ele abriu o braço americano da feira suíça Art Basel no momento em que o evento parece ter atingido o auge da popularidade e despertado mais polêmicas.

Logo antes do início, a feira foi atacada por críticos de peso por transformar arte contemporânea num circo de ostentação dos supermilionários que comandam o mercado. O comentário despertou a ira de colecionadores, que saíram em defesa do papel de mecenas que desempenham.

Neste ano, a Art Basel Miami Beach, a maior feira de arte das Américas, registrou uma presença recorde de galerias brasileiras -14 delas bateram ponto no balneário americano até ontem, quando a feira chegou ao fim.

Também neste ano, o grupo suíço MCH, que controla o evento comercial, comprou a feira de arte de Hong Kong, exportando sua marca para o centro do mercado asiático.

Desde 1970, quando fundou a marca Art Basel na cidade suíça de Basileia, o grupo se firmou como potência imbatível no mercado das artes visuais e se mantém até hoje no topo do ranking -uma grife global que se estende por três continentes.

Spiegler, o americano de fala agitada que comanda a Art Basel, conversou com a Folha antes da feira. Leia a seguir trechos da entrevista.

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Folha - Como se explica a presença tão expressiva de galerias brasileiras na Art Basel Miami Beach neste ano?

Marc Spiegler - O Brasil é o país com o qual a Art Basel mais se envolveu desde que criamos a Basel Miami Beach, há dez anos. Há um círculo virtuoso no país, no sentido de que quanto mais a cena brasileira cresceu, maior foi a presença de suas galerias na feira. No Brasil, agora há interesse e meios para sustentar o consumo de arte.

É verdade que a geografia do mercado mudou, com países emergentes no comando?

Hoje temos um mercado de fato global, com colecionadores que vêm do Leste Europeu, da América Latina, da Ásia, enquanto antes o mercado de arte se resumia aos países do Norte, em volta do Atlântico. Tem menos a ver com o centro mudar de lugar e mais a ver com uma descentralização. Há muito mais caminhos para o sucesso, há novos centros para as artes visuais hoje em dia.

E como o mercado respondeu a essa descentralização?

Já estamos vendo artistas emergir em mercados antes periféricos e atingir os mercados centrais, sejam eles de origem asiática ou latina.

Chama a atenção também o fato de organizações internacionais, como a Tate ou o MoMA, criarem comitês especializados em aquisições de obras latino-americanas ou do Oriente Médio, por exemplo. Há uma nova noção do que significa ser um museu internacional mesmo.

Nesse contexto de expansão, a Art Basel poderia vir ao Brasil?

Nos perguntam muito isso. A resposta curta é que não nos vemos acrescentando uma quarta feira à Art Basel no futuro próximo. Há empresas que se preocupam só em lotar pavilhões com centenas de galerias, mas não fazemos isso. Entendemos que, para nossos galeristas e colecionadores, cada feira é um grande esforço.

Demorou muito para acreditar que já estava no momento de criarmos na Ásia a terceira feira com o nome Art Basel. Uma quarta feira seria esticar demais a franquia.


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