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Vida dos santos ganha tom pop em livro

Rogério de Campos, criador da editora Conrad e ex-militante trotskista, publica obra sobre o imaginário cristão

Autor diz que não inventou nada, mas admite que certos casos lembram o grupo cômico Monty Python

CADÃO VOLPATO ESPECIAL PARA A FOLHA

Os santos andam meio fora de moda (a santidade, nem se fala). Rogério de Campos, 51, um dos criadores da editora Conrad, especializada em livros de esquerda, quadrinhos, videogame e mangás, concorda.

Por isso, talvez, para estar na contramão, ele está lançando a hagiografia "O Livro dos Santos", por sua nova editora, a Veneta.

"É não ficção. Não inventei nada", ele faz questão de dizer, mas as histórias dessas pessoas fabulosas do imaginário cristão não têm nada de realistas. Segundo a ficha catalográfica é sim um livro de ficção. Campos se diverte.

Para um homem que, apesar da formação católica clássica, teve uma banda de rock nos anos 1980 chamada Crime e participou do movimento trotskista Libelu no final dos anos 1970, contar a vida de santos poderia não cair bem. "Eu escrevo os livros que não achei para ler, e gosto de escrever sobre assuntos de que não entendo."

Como autor, Campos já publicou um pequeno romance político-policial, "Revanchismo". Conquistou neste ano o terceiro lugar da categoria gastronomia do prêmio Jabuti com "Dicionário do Vinho", escrito em parceria com Maurício Tagliari, velho parceiro, mais conhecido como produtor musical.

Campos passou anos colecionando histórias de santos. Também foi atrás de obras de referência, frequentando livrarias cristãs em torno da praça da Sé, no centro da cidade. "Comprei um monte de santinhos. E os vendedores me tratavam muito bem, talvez porque seja cada vez menor o número de pessoas interessadas no assunto."

Mas a grande epifania veio mesmo com o "Gênesis", de Robert Crumb, que a Conrad lançou no Brasil em 2009. "Ele trata o tema com respeito", garante. "Só a Bíblia de Jerusalém é tão boa".

O autor só usou fontes católicas. "Acho que juntei histórias extraordinárias e reveladoras sobre a nossa própria vida", diz. "Só que, em alguns momentos, reconheço que parece Monty Python."

De fato, a história de são Vicente, detido e torturado pelos romanos, daria um quadro perfeito do famoso grupo cômico inglês. Depois de ter todos os seus ossos quebrados e de ser espetado com ferro, o santo gozava dos torturadores e pedia mais suplícios.

Foi então levado a um braseiro -ao qual subiu sozinho- e grelhado, "enquanto os soldados o perfuravam com garfos ardentes e jogavam sal no fogo". Mesmo assim, Vicente continuou vivo.

Os santos do livro são seres assim tão extraordinários que parecem super-heróis. O autor, porém, rechaça a comparação. "Nunca gostei de super-heróis. Eles são para meninos que não têm vida sexual."


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