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Crítica / Conto

Boa ideia, coletânea de James peca por lapsos de tradução

"Vida de Artista" reúne quatro histórias do autor sobre o mundo da pintura

MARCELO PEN ESPECIAL PARA A FOLHA

Uma nova tradução do escritor Henry James (1843-1916) é sempre um motivo de júbilo. Embora importante no contexto das literaturas de língua inglesa, tanto como prosador quanto como crítico, James é relativamente pouco traduzido e, assim, pouco lido no Brasil.

Há obras essenciais, como o romance "a princesa casamassima", o conto "a humilhação dos Northmore" (considerado por Jorge Luis Borges a "obra-prima de Henry James" no gênero) ou a maioria de seus artigos sobre escritores franceses, que nunca ganharam uma versão por aqui.

A coletânea "Vida de Artista" parte, ademais, de uma boa ideia: a reunião de quatro histórias que têm em comum o tema da arte, ou, mais propriamente, da pintura.

"A História de uma Obra-Prima" traz um rico viúvo que passa a desconfiar da noiva quando a vê retratada num quadro, pintado pelo antigo amante da dama.

"A Madona do Futuro" mostra um artista que desperdiça a vida no sonho de produzir a obra perfeita.

Estudada por críticos como Wayne Booth, "O Mentiroso" fala de um mentiroso visto pela perspectiva de outro: um pintor manipulador.

Enfim, a divertida "O Holbein de Beldonald" apresenta uma rica beldade que se vê em apuros quando sua nova acompanhante não é recebida pela sociedade como modelo de feiura (conforme ela pretendia), mas como uma figura saída de uma tela do pintor alemão Hans Holbein.

Produzidos em diferentes períodos da carreira do escritor, os contos revelam sua preocupação com tópicos caros à contemporaneidade, como a crise da representação na sociedade moderna e a mercantilização da arte.

A edição apresenta problemas, desde lapsos variados de tradução (traduzir "host", anfitrião, como "hóspede", por exemplo) até a discutível decisão, em face da quantidade de textos inéditos em português, de incluir uma nova versão de "A Madona do Futuro", anteriormente traduzida por Arthur Nestrovski.

O mais sério, porém, foi retalhar os parágrafos originais em casos de discurso direto ou diálogo. Resulta em diversos trechos onde o leitor encontra dificuldade para entender quem diz o quê. James talvez seja difícil. Mas não por essa razão.


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