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Mônica Bergamo

Fotos Paula Lobo/Folhapress
Piano gigante da loja FAO Schwarz, em Nova York, que ficou famoso por aparecer no filme "Quero Ser Grande"
Piano gigante da loja FAO Schwarz, em Nova York, que ficou famoso por aparecer no filme "Quero Ser Grande"

NO PAÍS DAS MARAVILHAS

Do tablet infantil customizado à tradicional boneca, o maravilhoso mundo dos brinquedos faz a festa de turistas brasileiros no Natal de NY

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"Cada vez mais é o pai que faz as compras hoje em dia, não só a mãe, e os homens gostam muito de brinquedos de montar. Eles querem que as filhas se interessem por engenharia, matemática, ciência, as profissões do futuro, e não só por bonecas e roupinhas", conta Kerry Smith, diretora da FAO Schwarz, a mais tradicional loja de brinquedos de Nova York, aberta há 150 anos.

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Ela mostra a Raul Juste Lores, correspondente da Folha em Nova York, dois lançamentos recentes para meninas, que estão entre os mais procurados presentes de Natal. Friends, da Lego, traz centenas de pecinhas para se montar cidades inteiras, com prédios, ruas e estradas. Fora alguns detalhes cor de rosa, poderia passar por entretenimento unissex.

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A gigante Mattel contra-atacou e lançou no início do mês o Mega Bloks da Barbie. Também se trata de grandes brinquedos de montar, mas as peças formam um salão de beleza ou uma loja de roupas da moda. Foi acusado de machista após o lançamento.

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Estima-se que até 100 mil brasileiros passem essa época do ano em Nova York, muitos deles no frenesi natalino -e descobrindo as linhas de brinquedos educativos em alta que buscam produzir os Marks Zuckerbergs de amanhã.

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Há brinquedos para se identificar minerais e geologia, além de um mapa-múndi de feltro, em que as crianças podem colar os nomes de países ou características geográficas (do Brasil, só a Amazônia é destaque) e um Sistema Solar com todos os planetas.

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Alguns pais planejam que os filhos sejam criativos e bons oradores. Um teatro de marionetes (US$ 149) foi lançado neste ano. Está entre os mais vendidos no térreo da loja, cercado por presentes mais excêntricos como um gorila de pelúcia em tamanho real, acompanhado pelo filhote (US$ 1.499), e um urso panda (US$ 1.399).

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A maior concentração de crianças na loja ainda fica ao redor de um piano no chão com teclas que acendem quando são pisadas, ideia tirada do filme "Quero Ser Grande", com Tom Hanks. Há versões de diferentes tamanhos do instrumento -o maior deles sai por US$ 2.250.

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Apesar da roda-gigante de 18 metros de altura dentro da loja, a área mais movimentada da Toys'R'Us em Times Square é a dos eletrônicos.

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Para os pais que não querem mais compartilhar seus iPads com os filhos, a Toys'R'Us lançou neste mês o Tabeo, um tablet infantil com tela de sete polegadas e conexão para internet sem fio. É possível customizar o aparelho. Assim, os pais podem limitar o tempo em que a criança fica conectada e definir sites que elas podem acessar. Ele tem mais de 50 aplicativos do sistema Android e uma embalagem durável antiqueda.

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A estratégia de fidelização das pequenas consumidoras da rede American Girl já virou caso de estudos de inúmeros MBAs. A loja oferece 46 modelos de bonecas. A menina escolhe aquela que mais se parece com ela. E depois pode comprar roupinhas iguais para si e para a boneca. O número de avatares mirins possíveis é incalculável.

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No segundo andar da American Girl da Quinta Avenida, a maior fila da loja fica no salão de beleza, onde cabeleireiras fazem penteados nas bonecas, que invariavelmente imitam os das donas. Há 20 penteados possíveis, de franjinhas a cachinhos, rabos de cavalo ou até aqueles estilo Xuxa anos 80. Por US$ 30, há o kit Feel Good para as meninas machucadas. Nele há gesso, protetor ortopédico e até muletas para as bonecas.

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"Minha filha já pedia no Brasil que queria visitar a American Girl em Nova York. Para ela, é um ponto turístico a mais, como a Estátua da Liberdade ou o Central Park", diz o médico carioca Rogério Castro, 36. "Não tem nada parecido no Brasil, essa personalização. Ela sai com a boneca que acha mais parecida, com roupa igual, até o mesmo penteado", conta ele, que foi à loja com a mulher, Andréa, 38, e as filhas Laís, 6, e Olívia, 2.

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No quarto andar, há um restaurante para 150 pessoas -as bonecas se sentam igualmente à mesa.

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Criada pela professora de história Pleasant Roland, 71, a marca começou fazendo séries de bonecas históricas, representando diversos momentos dos Estados Unidos.

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À venda, há bonecas indígenas, aristocratas, imigrantes. De Addy, a escrava que escapou do cativeiro na Guerra Civil, à riponga Julie, que mora em San Francisco, usa um laço com as cores do arco-íris e tem um fusca especialmente desenhado para ela pela Volkswagen (vendido por US$ 350).

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A portuguesa Isabel Batista, casada com um brasileiro, auxilia os turistas em apuros com o inglês. "Desde que a loja apareceu no programa da Luciana Gimenez, há uns dois anos, o número de turistas brasileiros não para de crescer", diz. A loja só faz entregas em quatro países fora dos EUA -o Brasil é um deles. Em abril, foi aberta uma filial em Miami.

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Em Manhattan, locais com farta oferta de brinquedos educativos (mais caros do que a média), como a quase centenária loja Mary Arnold e a pequena rede Kidding Around, têm clientela cativa.

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Longe das áreas centrais e no interior do país, a oferta educativa escasseia. Pedagogos já fazem paralelos com o drama da comida orgânica, mais cara e onipresente nos grandes centros, com o resto do país, onde, para muitos, o fast food é a única opção.

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Na Toys'R'Us, na área de presentes para meninos, as armas de brinquedo ainda ocupam várias prateleiras, apesar das tragédias recentes. As mais populares são a bazuca e o "blaster set" [conjunto explosivo] do desenho animado "True Heroes" [heróis verdadeiros], os sabres eletrônicos de "Guerra nas Estrelas" e as pistolas dos "Transformers". Mas elas não estão em exibição no térreo, espaço nobre do estabelecimento.

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O varejo de brinquedos nos EUA movimentou no ano passado US$ 21 bilhões, um quarto de todo o mercado mundial. Para a Associação Americana da Indústria de Brinquedos, pais mais velhos e de maior renda priorizam presentes educativos. Mas a maior parte das opções vendidas no país é convencional e custa menos de US$ 40.


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