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Em centenário, orquestras saúdam vigor da 'Sagração'

Peça inovadora de Igor Stravinsky causou furor ao estrear em Paris, em 1913, com coreografia ousada

Partitura, usada em espetáculos de Pina Bausch e Maurice Béjart, inspira temporada da Osesp

ISABELLE MOREIRA LIMA COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, EM CHICAGO

"A Sagração da Primavera", obra-prima de Igor Stravinsky (1882-1971), completa cem anos como uma celebridade de agenda cheia, presente nos principais palcos do mundo.

No biênio 2012-2013, quando é comemorado o centenário da composição (1912) e o da première (1913), ela é destaque nas temporadas de orquestras como as sinfônicas de Londres e Chicago, a Filarmônica de Los Angeles e a Osesp, que montou um ciclo inspirado na peça.

Também motivou uma extensa programação na University of North Carolina at Chapel Hill, que se espraia por conferências, cursos e inclui 11 estreias.

Por cem anos, muitos adjetivos tornaram-se inseparáveis da composição: inovadora, enérgica, polêmica. Este último talvez seja o primeiro que vem à cabeça, por conta do fuzuê que a estreia, em 29 de maio de 1913, gerou em Paris. Acompanhada da coreografia de Vaslav Nijinski (1890-1950), a partitura foi alvo de vaias de uma plateia completamente chocada, o que culminou na interrupção do espetáculo e deixou Stravinsky furioso.

Hoje, sabe-se que foi mais a coreografia -focada no primitivismo e distante da elegância vigente no balé de então- do que a composição em si que incomodou.

"Em 1913, as pessoas já haviam sido expostas a estilos musicais assustadoramente novos. A 'Sagração', por si só, não era muito diferente do que o que estava sendo executado", explica L. Michael Griffel, diretor de história da música da Juilliard School.

ESCÂNDALO

Para Griffel, a polêmica ajudou a divulgar a composição. "É claro que a magnitude da música é o principal motivo para a sua permanência nos repertórios, mas escândalos criam interesse."

A dança foi o que mais feriu suscetibilidades na "belle époque", mas os temas pinçados por Stravinsky das antigas culturas russa e lituana tampouco eram muito palatáveis. Em uma das passagens mais célebres, ele retrata o sacrifício de uma adolescente que dança até a morte de forma desesperada.

Desde então, a "Sagração" embalou coreografias de nomes como Pina Bausch (1940-2009) e Maurice Béjart (1927-2007) -e é geralmente apresentada sob o epíteto de "composição que marcou o início do modernismo".

"Dizer que é a primeira peça modernista é raso. É mais interessante localizar a 'Sagração' na cultura em que foi baseada. Assim, é possível entender a originalidade da música", avalia Gerard McBurney, compositor e diretor criativo do Beyond the Score (além da partitura), espécie de aula-espetáculo promovida pela Sinfônica de Chicago, que em novembro abordou a "Sagração".

"Um dos segredos dessa peça é que ela sempre dá voz aos instrumentos. Se for bem executada, faz com que a orquestra soe fora do comum.Como compositor, olho para a partitura e fico verde de inveja", afirma ele.

OSESP

Ao jornal britânico "Guardian", a regente titular da Osesp, Marin Alsop, disse que "A Sagração da Primavera" é sua peça favorita do século 20: "É revolucionária mesmo para os padrões de hoje".

Em dezembro de 2013, Alsop regerá a Osesp em quatro concertos comemorativos dos cem anos da obra, fechando a temporada da orquestra, que montou sua programação de 2013 baseada na ideia de "sagrações da primavera, no plural", segundo o diretor artístico Arthur Nestrovski.


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