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Musical 'Os Miseráveis' é cantado ao vivo

Elenco de adaptação do diretor Tom Hooper gravou trilha de filme no set, ouvindo o piano em ponto eletrônico

Protagonizado por Hugh Jackman, longa concorre ao Globo de Ouro em quatro categorias

RODRIGO SALEM ENVIADO ESPECIAL A NOVA YORK

O último musical indicado ao Oscar de melhor filme foi "Chicago", em 2002. Os últimos grandes musicais ("Nine", "Burlesque" e "Rock of Ages") naufragaram em público e recepção da crítica.

Não é um cenário animador para "Os Miseráveis", adaptação cinematográfica de Tom Hooper ("O Discurso do Rei") para o musical homônimo, sucesso nos teatros americanos e ingleses há 28 anos. E o próprio protagonista do filme sabe disso.

"Adoraria dizer que teria coragem de investir meu dinheiro em um projeto assim, mas não é o caso", brinca Hugh Jackman, indicado ao Globo de Ouro de melhor ator pelo papel de Jean Valjean, homem preso por roubar migalhas para garantir a sobrevivência da família.

"Sabia que era um projeto arriscado. No primeiro dia em que entrei no set de filmagens, pensei: 'Que loucura. O que estamos fazendo?'."

A perplexidade se deu por causa do aparato mobilizado por Hooper na França. O cineasta levou uma pequena equipe para Gourdon, uma cidade incrustada nas montanhas, onde o personagem criado pelo escritor Victor Hugo (1802- 1885) se esconde para começar uma nova vida.

O ator conta que a cidade parecia um cenário de ficção científica. "Você olhava para o céu e via fios de captação de som à sua volta."

A razão de tanta tecnologia é o fato de Hooper ter decidido que, no musical de US$ 65 milhões (cerca de R$ 130 milhões), os atores precisariam cantar ao vivo. Não haveria mixagem de som na pós-produção, como a maioria dos musicais faz, convocando os atores para gravar as canções em estúdio.

"O set parecia um manicômio. Pessoas cantavam sozinhas, porque ouvíamos o piano só nos pontos eletrônicos. Mas Tom bateu o pé e disse que filmaria ao vivo", conta Jackman, que só cantou uma sequência em estúdio -a de abertura, quando, preso, ajuda a puxar um galeão para o porto supervisionado pelo policial Javert (Russell Crowe).

"Era impossível cantar com galões d'água sendo jogados em mim. Nenhum microfone resistiria", justifica.

ATUAÇÃO OSCARIZADA

À medida que Jean Valjean abre caminho entre a sociedade francesa, novos tipos surgem. Anne Hathaway vive Fantine, trabalhadora demitida quando se descobrem que ela é mãe solteira.

Na tentativa de alimentar sua filha pequena, Fantine vira prostituta e vende não apenas o sexo, mas os dentes e o cabelo. A tragédia não apenas conduz a "I Dreamed a Dream", a canção mais famosa do musical, como coloca Anne no topo das favoritas para o Oscar de coadjuvante.

"Fico feliz que as pessoas estejam reagindo assim à cena", conta a atriz, que perdeu 12 quilos para o papel. "Estava assustada em fazê-la, mas o processo foi mais fácil porque a personagem sofre e eu pude extravasar um pouco o sentimento de fragilidade que eu tinha de verdade."

Em seguida, "Os Miseráveis" muda de tom: mergulha em reflexão sobre liberdade e amor liderada por Cosette (Amanda Seyfried), a filha de Fantine, e o revolucionário Marius (Eddie Redmayne).

O longa perde força ao migrar da tragédia para o épico político. Na transição, os números passam a ser mais grandiosos -vale ressaltar que o filme não tem diálogos que não sejam cantados.

A mudança de tom não compromete o resultado final. "Os Miseráveis" deve estar na lista do Oscar e concorre ao Globo de Ouro em quatro categorias. Os prêmios podem ajudá-lo a superar a desconfiança do público.

"Não há nada pior do que um musical ruim", afirma Jackman. "Ficarei feliz se alguém disser: 'Odeio musicais, mas adorei 'Os Miseráveis'."


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