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Cria de Antunes Filho prepara nova peça

Habilidoso na manipulação do tempo, diretor de 30 anos foi um dos destaques da temporada teatral de 2012

Em "Amor de Mãe - Parte 13", que estreia em janeiro, personagens envelhecem 20 anos sem artifícios cênicos

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Neste ano, Eric Lenate, 30, venceu o tempo. Estreou "Um Verão Familiar", de João Fábio Cabral, "Rabbit", de Nina Raine, e "Valsa nº 6", de Nelson Rodrigues, em menos de duas semanas, em agosto.

O diretor, que é também ator e foi indicado ao ultimo Prêmio Shell de São Paulo na categoria especial pela "força performativa de seus experimentos", tornou-se célebre por manipular o tempo também dentro da cena.

Na peça "Amor de Mãe - Parte 13", que estreia em 10 de janeiro, abrindo a temporada teatral de 2013 do Sesc Consolação, o encenador vive o desafio de fazer os personagens da trama envelhecerem 20 anos sem pausas ou artifícios cênicos.

"Quero materializar a concretude do tempo trabalhando a cena de maneira contínua", afirma Lenate.

Escrita por Elzemann Neves, a obra sobre uma mulher (Lulu Pavarin) que está grávida há 30 anos, é dividida em cinco capítulos. No primeiro, acontece o nascimento do filho (Rodrigo Audi), a contragosto da mãe, certa de que o menino estaria mais protegido em seu ventre do que solto no mundo. Os quatro seguintes apresentam, em tempos distintos, a convivência enclausurada da dupla.

Lenate costuma transformar o realismo cênico trabalhando com percepções alteradas do tempo cotidiano. Segundo a crítica de teatro Marici Salomão, jurada do Prêmio Shell, Lenate é um diretor de invenção. "Ele reinventa textos em suas montagens, buscando acelerações nas vozes e nos corpos dos atores, justaposições de imagens e ritmos diferentes", diz ela.

Lenate manipula o tempo em cena desde sua estreia como diretor, em "O Céu Cinco Minutos Antes da Tempestade", de 2004. Pela montagem, escrita por Silvia Gomez, Lenate tornou-se o primeiro diretor formado por Antunes Filho. Tinha apenas 22 anos.

Em "O Céu Cinco Minutos...", por exemplo, o estado interno da protagonista, consumidora voraz de entorpecentes, era revelado por meio da velocidade e do tom monocórdio de sua fala.

A mesma fala acelerada deu o tom de duas peças que retratam de modo cruel sua geração: "Limpe Todo o Sangue Antes que Manche o Carpete", escrita por Jô Bilac e encenada por Lenate em 2010, e "Rabitt", de Nina Raine, em 2012.

Lenate diz estar em busca do tempo poético da cena. "É quando você abre um portal no tempo cotidiano de uma obra. As horas ficam mais lentas e as folhas das árvores param de balançar. Os barulhos das buzinas cessam e alguma outra coisa começa a soar", explica.


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