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'Forrest Gump' brasileiro lança biografia

Jornalista Carlos Marques conta casos que incluem seus encontros com Arafat, Gorbachev e o papa João Paulo 2º

De infância pobre, pernambucano se tornou correspondente internacional e foi preso pela ditadura

ANDRÉ BARCINSKI CRÍTICO DA FOLHA

Carlos Marques teve uma vida e tanto: criança pobre em Jaboatão dos Guararapes (PE), virou jornalista, rodou o mundo e conheceu algumas das personalidades mais importantes do século 20: Jean Genet, Salvador Dalí, João Paulo 2º e Pelé.

Foi amigo da turma da bossa nova, preso e torturado pela ditadura militar no Brasil, exilou-se na Europa, foi um dos pioneiros no culto ao Santo Daime e acabou envolvido com bruxaria e ufologia.

Seu editor, que o convenceu a escrever a autobiografia "Lá Sou Amigo do Rei", apelidou Marques de "Forrest Gump", personagem que Tom Hanks interpretou nos cinemas, em filme homônimo de 1994 dirigido por Robert Zemeckis. Gump também se viu metido nos grandes momentos da história da humanidade.

Mas Marques não concorda com o apelido: "Acho que sou mais Macunaíma que Forrest Gump", diz.

O livro é divertido e narrado com uma leveza que, por vezes, faz as histórias parecerem ficção.

Marques diz que é seu estilo: "Sempre me vi como um observador, alguém que fica de fora, só olhando e analisando as coisas. Desde criança, aprendi a levar a vida com bom humor".

Em um trecho, Marques conta a pisada na bola que deu com Gal Costa, que lhe entregara os originais de um livro de memórias escrito pela mãe, para que ele o editasse. "Mas esta anta jaboatanense, que então fumava meio quilo de maconha por dia, o que faz? Perde os originais! Nunca mais ela [Gal] me dirigiu a palavra," escreve.

Como correspondente internacional, Marques cobriu eventos importantes, de festivais de cinema a conferências de paz.

As fotos estão lá para comprovar: ele aparece com Yasser Arafat, Gorbachev, João Paulo 2º e Maurice Béjart.

Uma das passagens mais intensas do livro narra sua relação com Paulo Freire e sua posterior prisão e tortura, pelo regime militar, primeiro no Batalhão da Polícia do Exército, na Tijuca, e depois na sede do Dops.

LADRÃO TRAPALHÃO

Marques relata ainda operações malsucedidas de assaltar bancos para financiar grupos de esquerda.

"Tentamos assaltar uma agência do Banco Nacional em Ipanema, usando revólveres feitos de sabão pintado de preto [exatamente como no filme 'Um Assaltante Bem Trapalhão', de Woody Allen], mas fugimos assim que a segurança foi acionada, carregando só os trocados de um caixa e os revólveres derretidos pelo calor carioca."

Marques diz que, hoje, vive muito modestamente, e que pensa em pedir ao governo federal alguma compensação pelos anos em que foi perseguido.

"Outro dia, vi uma reportagem na TV sobre o caso do Rubens Paiva e fiquei revoltado. Somos todos contemporâneos na desgraça."

LÁ SOU AMIGO DO REI

AUTOR Carlos Marques

EDITORA Geração Editorial

QUANTO R$ 39,90 (264 págs.)


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