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Infalível como Bruce Lee

Alçado à fama por filme de baixo orçamento, indonésio é aclamado como a nova promessa das artes marciais no cinema

Fotos Divulgação
RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

Durante as gravações do filme "Operação: Invasão", o indonésio Iko Uwais, 29, foi jogado contra uma parede por um oponente com o dobro do seu tamanho. Resultado: torceu o joelho e lesionou a rótula.

Recuperado da lesão (e de uma catapora), Uwais, especialista em pencak silat [arte marcial tradicional em seu país], voltou para o set de filmagem em três semanas. Mas ninguém pegou mais leve com ele.

Ao bloquear um maníaco armado com um facão, ele foi repetidamente atingido pelo objeto -mesmo não afiado, o metal abria rasgos em sua pele. As marcas estão até hoje em seu braço.

"O nosso maior problema foi a catapora. O acordo era que tudo abaixo da face era permitido", brinca o diretor galês Gareth Evans, que descobriu Uwais e o transformou no novo candidato a Bruce Lee depois do sucesso do filme, que sai direto em DVD no Brasil nesta semana.

Apesar da decisão da Sony, distribuidora do filme, que foi contestada pelos produtores internacionais, o longa de artes marciais é considerado um fenômeno.

O projeto, filmado na Indonésia, custou somente US$ 1 milhão (cerca de R$ 2 milhões), foi destaque em festivais como Toronto e Sundance, e rendeu US$ 10 milhões (cerca de R$ 20 milhões).

Um remake já está sendo preparado em Hollywood pela Screen Gems, produtora de "Resident Evil". E Evans começa a filmar a sequência, batizada de "Berandal", em dez dias e com o triplo do orçamento.

Boa parte do sucesso vem das cenas de luta. Uwais vive Rama, um policial novato que entra em uma missão especial da Swat: invadir um prédio povoado por marginais e viciados para prender o líder do tráfico de drogas em Jacarta.

Na invasão, os policiais enfrentam gangues armadas (de bazucas a facas) e lutadores sedentos por sangue -um deles, Cachorro Louco, é interpretado por Yayan Ruhian, coreógrafo (ao lado de Uwais) das melhores sequências de pancadaria em anos.

"Eu planejei a coreografia com Yayan, que tem um estilo de luta diferente. Depois, mostramos para Gareth e ele deu novas ideias para melhorar as lutas cinematograficamente", fala Uwais, que ensaiou por cinco meses e foi chamado de "o novo Bruce Lee" pela "Empire", a revista de cinema mais popular do mundo.

"É impossível para qualquer pessoa ser o novo Bruce Lee, que revolucionou o cinema asiático", rebate Evans. "Mas temos orgulho de mostrar Iko em seu auge."

O cineasta sabe o que está falando. Ele é casado com uma indonésia e foi para o país filmar um documentário sobre pencak silat. Ao acompanhar as aulas de um mestre (tio de Uwais), Evans ficou impressionado com o carisma de seu futuro ator e disse que faria um filme de ação com ele.

"Não acreditei nele", recorda-se o lutador. "Nunca tive conexão com esse mundo do entretenimento."

Uwais era entregador contratado por uma companhia telefônica e, às vezes, fazia o papel de eletricista, subindo em postes e visitando casas.

Não sonhava em ser astro de ação. Pensava até em jogar futebol, a sua paixão. "Sou fã de Kaká [jogador brasileiro do Real Madrid]", disse ele à Folha.

TROPA DE ELITE ASIÁTICO

Evans, no entanto, cumpriu a promessa. Em 2009, filmou com Uwais o drama de artes marciais "Merantau", que serviu de preparação para "Operação: Invasão".

O longa teve outra influência, bastante conhecida pelos brasileiros. "Eu exibi o primeiro 'Tropa de Elite' para todo o elenco", revela o cineasta, que não sabia que sua produção tinha sido apelidada de "Tropa de Elite da Indonésia" quando foi lançada em sessões lotadas no Fest Rio 2011.

"Isso é incrível. Quis mostrar o sentimento de irmandade entre os policiais e o visual realista. Eu amo esse filme."


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