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Cama de gata

À beira dos 30 anos, Scarlett Johansson protagoniza "Gata em Teto de Zinco Quente" nos palcos e busca papéis mais adultos

Joan Marcus/Divulgação
Scarlett Johansson como Maggie em cena da peça
Scarlett Johansson como Maggie em cena da peça
PATRICK HEALY DO “NEW YORK TIMES”

Scarlett Johansson, 28, não gosta de desfiar chavões a seu próprio respeito. Ela tende a pontuar seus insights com palavrões, autoironia ou uma risadinha curta e rouca.

Mas, numa entrevista recente de 90 minutos, não hesitou em admitir uma verdade: ela amadureceu muito entre sua estreia na Broadway, em "Um Panorama Visto da Ponte" (2010), e seu retorno aos palcos, agora, como Maggie, em outro clássico americano: "Gata em Teto de Zinco Quente", de Tennessee Williams (1911-1983).

Ela se divorciou do ator Ryan Reynolds e encerrou suas relações profissionais com sua mãe, Melanie Sloan, que tinha sido sua empresária desde que a atriz começou a fazer testes de atuação.

Em Hollywood, Johansson diminuiu os papéis de sexy e ingênua que a fizeram virar estrela, como "Encontros e Desencontros" (2003), e trabalhos de Woody Allen, como "Match Point" (2005).

Optou por personagens mais francas e fortes: a intransigente Natasha Romanoff no recente "Os Vingadores" (2012) e uma pragmática dona de zoológico em "Compramos um Zoológico", de 2011.

Sua sede pelo estrelato no cinema também se abrandou um pouco, em favor da busca de desafios mais profundos como atriz.

E, com "Gata em Teto de Zinco Quente", Johansson escolheu um desafio e tanto: o papel da obstinadamente pragmática Maggie, já representado por atrizes como Elizabeth Taylor e Jessica Lange.

"Nos últimos anos senti vulnerabilidade extrema. Eu não queria mais correr para aceitar trabalhos no cinema ou numa peça apenas para fugir dos meus sentimentos", disse a atriz, numa das salas de ensaio da peça.

"Quando eu quis voltar a trabalhar, tive vontade de começar a fazer papéis adultos -de mulheres duronas que sabiam o que era preciso fazer para sobreviver."

É claro que Maggie pode ser vista como simplesmente mais uma personagem altamente sexy de Johansson. Ela passa boa parte do primeiro ato trajando apenas uma combinação, lutando para reconquistar o amor de seu marido, Brick, e garantir a herança que eles podem receber de Big Daddy, que está morrendo.

PALPITAÇÃO CARDÍACA

Mas Johansson disse que enxergou muito mais que isso. A personagem precisa acertar tantas notas emocionais apenas no primeiro ato que a atriz se recordou de ter sentido "palpitações cardíacas" quando leu a peça.

"Finalmente estou em um ponto de minha vida em que me sinto à vontade sem saber qual será o resultado", diz.

Nas mãos de Johansson, a personagem aparece como alguém que escolhe suas táticas, pensando na sobrevivência, focando sua atenção em garantir que ela e Brick nunca se convertam em novas versões de seus pais.

Especula-se que a atriz ganhe US$ 40 mil (cerca de R$ 82 mil) por semana. A produção custou US$ 3,6 milhões (cerca de R$ 7,3 milhões).

Não há nada de arrogância ou ares de celebridade em Johansson, segundo o diretor da peça, Rob Ashford, e os colegas de elenco da atriz.

Na realidade, eles dizem que ela é a mais franca e abertamente autocrítica dos atores, que incluem Ciarán Hinds no papel de Big Daddy e a premiada com o Tony Debra Monk como Big Mama.

A obrigação de decorar os longos monólogos de Maggie no primeiro ato deixou Johansson tão nervosa que ela pediu conselhos a amigos e ocasionalmente se irritou com eles quando tentaram ser animadores.

"As pessoas diziam 'vai ficar tudo ótimo', e eu respondia... (palavrão), porque sentia como se estivesse puxando uma corrente pesada atrás de mim."

Quando Johansson fez uma leitura de "Gata", porém, o misto de inventividade e insegurança de Maggie a levou a identificar-se com a personagem de imediato.

"Desnudar-se diante de alguém, dispor-se a enfrentar a verdade dura da dor e da rejeição -essa sou eu e essa é Maggie", disse a atriz.

Explorar todas as camadas de Maggie não apenas faz jus à personagem, disse Johansson, mas é uma maneira de mostrar sua gratidão por ter um grande papel adulto neste momento de sua carreira.

"Agora, perto dos 30 anos, acho que já deixei a adolescência para trás." Ela riu e soltou um palavrão. "E é muito bom me sentir feliz."

Tradução de CLARA ALLAIN


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