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"Nunca fiz um personagem tão terrível"

Leonardo DiCaprio interpreta um vilão racista e violento no faroeste "Django Livre", do diretor Quentin Tarantino

Ator de "Titanic" diz não ter se surpreendido com a polêmica do faroeste passado na época da escravidão

Divulgação
Leonardo DiCaprio interpreta o vilão Calvin Candie, um fazendeiro dono de escravos, em "Django Livre", novo filme do cineasta Quentin Tarantino
Leonardo DiCaprio interpreta o vilão Calvin Candie, um fazendeiro dono de escravos, em "Django Livre", novo filme do cineasta Quentin Tarantino
RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

Leonardo DiCaprio tenta há 16 anos livrar-se da faceta de galã teen que parece ter sido congelada como seu personagem de "Titanic".

Neste período, o ator de 38 anos fez quatro filmes com Martin Scorsese ("Gangues de Nova York", "O Aviador", "Os Infiltrados" e "Ilha do Medo"), interpretou personagens sérios para Sam Mendes ("Foi Apenas um Sonho") e Clint Eastwood ("J. Edgar"), virou astro de ação em "A Origem", de Christopher Nolan, e foi indicado a três Oscar.

Mas ele nunca havia dado o passo definitivo. Isso só ocorreu com "Django Livre", sua primeira parceria com o cineasta Quentin Tarantino.

No faroeste, que estreia hoje no Brasil, DiCaprio interpreta Calvin Candie, um fazendeiro dono de escravos no Sul dos Estados Unidos que se diverte vendo dois negros lutando violentamente até a morte enquanto bebe um coquetel colorido com rum.

"Candie é a decadência moral do Sul dos Estados Unidos", exalta o ator em sua única entrevista ao Brasil.

"Ele representa tudo que havia de errado naquela região no período da escravidão. Nunca fiz um personagem tão terrível, racista e narcisista. Foi repugnante interpretá-lo."

DiCaprio não está pegando leve. O vilão do filme de Tarantino é tão moralmente desafiador para um ator que o próprio Tarantino admite que "o odeia".

"Quando li o roteiro, eu pensei: 'Meu Deus, o que está acontecendo?' Falei para Quentin que havia coisas ali que eu não poderia aceitar. Ele mudou um pouco, mas explicou que não poderíamos mostrar aqueles horrores de outra maneira, senão estaríamos suavizando o que aconteceu", conta o ator.

Mas o astro sabia onde estava se metendo. A polêmica levantada por Spike Lee sobre o uso exagerado da palavra "nigger", ofensiva à comunidade afro-americana, era esperada.

"Não fiquei surpreso. Mas nada no filme é pior do que os eventos reais. Se você assistir a qualquer documentário sobre o período de escravidão nos Estados Unidos, verá que 'Django Livre' só mostra a ponta do iceberg", afirma.

"Há poucos filmes com vontade de correr riscos e esse é um deles. O longa quebra barreiras. A escravidão é um período sombrio da história. Mas integrar o tema de forma crua e repugnante a um faroeste espaguete? É revolucionário."

Mesmo com isso na mente, ele chegou ao set de "Django Livre", em Nova Orleans, meio desconfiado. Precisaria humilhar Django (Jamie Foxx), o caubói em busca de vingança, e Stephen (Samuel L. Jackson), o escravo caseiro.

"Foi difícil entrar em um grupo de atores que respeito e tratá-los daquela maneira", confessa.

"Mas Samuel mostrou que eu precisaria ultrapassar limites e abraçar a maldade do personagem. Ele fez o papel mais difícil e chama Stephen de 'o negro mais odioso do cinema'", revela DiCaprio, que foi esquecido pelo Oscar.

"Reconhecimento é bom. Mas os prêmios não podem guiar ninguém na carreira, aprendi isso anos atrás."


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