Folha de S.Paulo

Crítica

Cada um é uma ilha no Havaí do filme 'Os Descendentes'

O maior prazer que "Os Descendentes" (TC Pipoca, 22h) me deu foi o de ver o Havaí. Para mim, esse lugar coincidia com as imagens de Murnau em "Tabu", feitas uns 80 anos atrás.

No filme de Alexander Payne convivem a sensação de espaço e relaxamento (tudo parece em férias) com as edificações modernas e as preocupações do capitalismo (no caso, descendentes de uma família de pioneiros devem escolher a quem vender a magnífica praia de sua propriedade para fins de empreendimento turístico).

Há mais, no entanto: nesse pequeno mundo, a família se transforma, desagrega-se. O patriarcado, que se vê nos retratos na parede, foi para o beleléu. Como o Havaí, cada um hoje é uma ilha, e isso será parte central do drama que se verá.