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Teatro

"Afogando em Terra Firme" lança olhar mordaz ao culto às celebridades

Espetáculo retrata os altos e baixos de um homem que fica famoso graças às suas inabilidades

Escrita pelo inglês Alan Ayckbourn, um dos autores mais encenados no mundo, peça estreia amanhã em São Paulo

GABRIELA MELLÃO COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Folly é um tipo de torre construída na Inglaterra no século 19 que sintetiza metaforicamente a trajetória do protagonista de "Afogando em Terra Firme", comédia inédita do inglês Alan Ayckbourn que estreia amanhã em São Paulo.

Sua arquitetura provoca uma ilusão de ótica. Embora quem se aventure por sua escada tenha certeza de que avança os degraus e se aproxima do topo, a sensação não passa de impressão. Na realidade muito se anda, mas pouco se sai do lugar.

Charlie Conrad, o protagonista do espetáculo, é um homem comum que alcança fama sem ter criado ou realizado coisa alguma. A única coisa que faz muito bem em sua vida é fracassar.

Torna-se celebridade ao participar de um programa de televisão de perguntas e respostas. É o primeiro na história a errar todas as questões, as quais, é importante frisar, carecem de complexidade.

A sucessão de derrotas provoca uma comoção nos espectadores. Conrad se torna apresentador de outro programa de televisão, passando a ser venerado também por sua inabilidade em entrevistar convidados.

Ao longo da peça, o protagonista se despede do estrelato e enfrenta o esquecimento.

"Tudo o que ele realiza, pobre homem, é subir as escadas para lugar nenhum, o que mais ou menos resume sua vida", resume Ayckbourn, que escreveu cerca de 80 peças, montadas em 35 países, e é um dos autores mais encenados do mundo.

Conrad possui uma folly no jardim de sua mansão. "Ela é o décimo personagem da peça", afirma Eduardo Muniz, ator que reuniu um elenco afiado para a sua estreia na direção, composto por Eduardo Estrela, Henrique Schafer e Luciana Ramanzini, entre outros.

Escrito em 2004 e inspirado no documentário "A Importância de ser Famoso", de Piers Morgan, o espetáculo apresenta uma crítica mordaz ao culto às celebridades.

"A peça é um estudo sobre a cultura da fama", conta Muniz, que fez um estágio de direção com o autor da peça.

"Aprendi com Alan que um diretor deve ser o menos intruso possível e dar o máximo de liberdade a um ator."

Segundo Ayckbourn, a predição de Andy Warhol de que todos terão 15 minutos de notoriedade está se tornando verdade.

"As pessoas costumavam crescer desejando realizar coisas. Hoje em dia muitos querem apenas se tornar famosos", diz o autor à Folha.

AFOGANDO EM TERRA FIRME
QUANDO sex., às 21h30; sáb., às 21h; dom., às 19h; de amanhã a 24/3
ONDE Teatro Jaraguá (r. Martins Fontes, 71; tel. 0/xx/11/ 3255-4380)
QUANTO R$ 50
CLASSIFICAÇÃO 14 anos


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