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Biografia retrata gênio político de Abraham Lincoln

Publicada em edição resumida no Brasil, obra de Doris Kearns Goodwin foi base de filme de Steven Spielberg

Segundo historiadora, humor e mania de contar histórias eram escudo de americano contra a melancolia

RAQUEL COZER COLUNISTA DA FOLHA

"Acabei de ler seu livro. Precisamos conversar", disse Barack Obama à historiadora Doris Kearns Goodwin. Era 2008, e ele ainda concorria à Presidência dos EUA quando a localizou ao celular.

Obama se referia a "Team of Rivals" (time de rivais), biografia de Abraham Lincoln que Goodwin publicara em 2005 e que, naquele ano de eleições, mais do que nunca, era febre no meio político.

A conversa, a primeira de muitas, restringiu-se naquele momento ao gênio político do homem que ocupara a Casa Branca de 1860 a 1865. Meses depois, eleito, Obama utilizaria truques que aprendeu no livro de Goodwin.

Assim como Lincoln, que montou seu gabinete com ex-rivais políticos -história esmiuçada por Goodwin ao longo das 944 páginas da obra-, Obama se aproximou de ex-concorrentes, como Joe Biden, que se tornou o vice-presidente, e Hillary Clinton, secretária de Estado.

Àquela altura os direitos da biografia já estavam comprados para o cinema por Steven Spielberg. O resultado, "Lincoln", estreia hoje em circuito nacional.

"Lincoln" é também o nome da edição resumida -autorizada por Goodwin, com o texto da versão em audiolivro-, de 322 páginas, que a editora Record lança hoje.

14 MIL

Para se diferenciar dos 14 mil títulos já escritos sobre Lincoln -a conta é da autora-, Goodwin pensou em partir da relação dele com a mulher, Mary, tal como fizera com Franklin e Eleanor Roosevelt em "No Ordinary Time", biografia que lhe rendeu o Pulitzer em 1995.

Mas percebeu que Lincoln era "mais casado" com os membros de seu gabinete. "Comecei a ler diários e cartas deles. Entendi que tinham sido seus rivais e encontrei a história que queria contar", disse Goodwin, 70, à Folha.

Spielberg e o roteirista Tony Kushner centraram a história na luta pela aprovação da 13ª Emenda, que acabou com a escravidão nos EUA -a passagem, que ocupa poucas páginas ao final da versão original da biografia, não aparece na edição brasileira.

Mas o filme aproveitou uma variedade de falas e situações descritas pela autora ao longo das quase mil páginas. "Quis mostrar o quanto o humor e mania de contar histórias eram centrais para Lincoln. Eu repetia a Kushner: 'Você tem de colocá-lo para contar histórias no filme'."

E Kushner o fez. A certa altura do longa, Lincoln (Daniel Day-Lewis) conta uma história do herói de guerra americano Ethan Allen, uma das anedotas preferidas de Lincoln, segundo a biografia.

Em viagem à Inglaterra, Allen viu à sua frente, na latrina, um quadro do ex-presidente dos EUA George Washington, colocado lá como provocação. Questionado pelos ingleses sobre a localização do quadro, disse achar apropriado. "Nada como um retrato de Washington para fazer os ingleses se cagarem todos."

Não tão pródiga em detalhes, a edição da Record, na boa tradução de Waldéa Barcellos, serve como complemento para quem viu o filme.

LINCOLN

AUTORA Doris Kearns Goodwin

TRADUÇÃO Waldéa Barcellos

EDITORA Record

QUANTO R$ 39,90 (322 págs.)


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