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Mais destacado fotógrafo de rock no Brasil expõe imagens

Rui Mendes exibe 34 fotos do punk nacional

CADÃO VOLPATO ESPECIAL PARA A FOLHA

Destaque da Mostra SP de Fotografia, Rui Mendes é o grande fotógrafo de rock do Brasil. Ele selecionou 34 imagens do punk brasileiro tiradas entre 1983 e 1986. Nelas, capturou a linha de frente do movimento: Ratos de Porão, Inocentes, Cólera, Olho Seco e As Mercenárias.

As garotas deste grupo lendário aparecem retratadas de forma expressionista, contra uma projeção de slides. "Pintei ondinhas em acetato, com nanquim", diz o fotógrafo. "Quando você é moleque, arrisca mais, tem mais energia".

Aos 50 anos, Mendes é dono de um estilo único, forjado nas poses dos heróis dos quadrinhos. Ele é do tipo que não dá bola para a teoria e foi fazendo as suas mais de 300 capas de disco e os seus mais de 500 mil negativos que aprendeu a fotografar o rock. Sua capa favorita, a do disco "Música Calma para Pessoas Nervosas", do Ira!, que mostra cabeças de figuras distorcidas, mergulhadas em tinta, ilustra isso muito bem.

O antigo estúdio de Mendes no Bexiga, em São Paulo, ficava ao lado de um terreiro de umbanda, de forma que não era incomum artistas como Paulo Ricardo e Renato Russo atravessarem o portão em que havia um bode e atabaques barulhentos como trilha sonora.

O fotógrafo estava presente em todos os shows e conhecia todo mundo da cena roqueira. Fotos, como se sabe, sempre foram elementos fundamentais na divulgação da força de uma banda. Mendes fazia isso como ninguém, dentro e fora dos estúdios, com luz natural ou artificial.

Mas ele é taxativo: "Odeio equipamento". Na hora de mudar do analógico para o digital, já na virada dos anos 2000, ele sofreu bastante.

"Foram seis meses de profunda depressão, até conseguir achar o meu próprio caminho de volta."

Tudo fica mais difícil quando se odeia o trabalho na publicidade. "Nunca tive saco de fazer still", ele diz. E ficou pior ainda quando, aos 41 anos, ele descobriu que tinha apenas um rim, rapidamente deteriorado. Mendes já está há nove anos na fila de um transplante.

Notório trabalhador, ele é hoje um retratista de primeira. Em 2004, fez a imagem de um Oscar Niemeyer segurando o próprio queixo, contra a vontade do fotógrafo.

"Velho tem que esconder a cara", justificou o arquiteto. Rui Mendes morreu de rir.


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