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Crítica

"O Lado Bom da Vida" não vai mudar o cinema, mas entrega o que promete"

RAUL JUSTE LORES DE NOVA YORK

"O Lado Bom da Vida" é a melhor surpresa do Oscar em um ano de muitas decepções cinéfilas. Custou US$ 21 milhões, menos do que o ator Robert Pattinson ganhou pelo último filme da série "Crepúsculo".

Mas, como roteiro bom anda escasso em Hollywood, o filme modesto atraiu um elenco de astros trabalhando por uma fração do cachê habitual. Jennifer Lawrence e Bradley Cooper (de "Se Beber, Não Case"), mais coadjuvantes como Robert De Niro, Chris Tucker, Jacki Weaver e Julia Stiles. O elenco foi recompensado. Pela primeira vez desde 1981, um único filme emplacou indicações ao Oscar de melhor ator, atriz e das duas categorias de coadjuvantes.

O filme teve performance modesta nos EUA (US$ 56 milhões), confirmando que o público americano quer mesmo super-heróis e explosões e que o grosso do debate cultural no país se transferiu para as séries de TV, muito superiores.

"O Lado Bom da Vida" foca na aproximação, entre tapas e beijos, de dois personagens bipolares, vividos por Bradley e Jennifer e cercados por uma galeria realista de parentes e amigos neuróticos sem nenhuma terapia.

O diretor David O. Russell faz um filme pautado pelas variações bruscas do humor: às vezes parece dramalhão, outras, comédia romântica e até musical "kitsch".

CLUBE

O diretor sabe o que é humor volúvel fora da tela. Queridinho do cinema alternativo americano, com sucessos como "Huckabees - A Vida é uma Comédia" (2004),

"Três Reis" (1999) e "O Vencedor" (2010), seu ego e suas brigas com atores chamam atenção até no serpentário de Hollywood.

George Clooney definiu sua experiência em "Três Reis" como "a pior da minha vida" e a briga do cineasta com a atriz Lily Tomlin foi parar no YouTube.

O "Lado Bom" não vai mudar a história do cinema, mas entrega o que promete. Algo raro na safra atual. "Lincoln" parece uma aula de história pomposa de que os americanos se esforçam para gostar.

"A Hora Mais Escura" erra a mão no heroísmo da mocinha e na glorificação da CIA, sem falar da banalização da tortura (a série de TV "Homeland" faz um retrato bem mais complexo dos dilemas da caça a terroristas).

"Django Livre" diverte, mas, pela primeira vez, Tarantino se repete para valer. E não dá para ouvir "Os Miseráveis" com a cantoria de Russell Crowe.

Junto com outro filme modesto, "Argo", de Ben Affleck, "O Lado Bom da Vida" é membro de um clube cada vez mais restrito, o do cinema comercial americano que entretém adultos com inteligência.


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