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Criadores de "South Park" viram conglomerado de entretenimento

Matt Stone e Trey Parker reduzem número de episódios da série e levam seu musical a Londres

Depois de conquistar fãs em TV, internet e cinema, dupla anuncia criação de produtora avaliada em R$ 600 mi

DAVID CARR DO “NEW YORK TIMES”

Em matéria de histórias de sucesso no mundo do entretenimento, poucas são melhores que a de dois sujeitos do Colorado, Matt Stone e Trey Parker, que pegaram bonecos recortados em papelão, os animaram e fizeram sucesso enorme na televisão a cabo, na internet, nos cinemas e na Broadway.

Na semana passada Matt Stone chegou a um café em Chelsea, em Nova York, tão encapotado que lembrava Kenny, que sempre aparece em "South Park" embrulhado numa grande parca cor de laranja. No dia seguinte ele iria para Londres, onde vai começar a quarta versão de "The Book of Mormon".

Ao longo de 16 temporadas e 237 episódios, "South Park", uma agressão ao bom gosto erguida sobre as desventuras de quatro garotos de linguagem chula e animados com simplicidade, penetrou nos poros da cultura.

Enquanto isso, seus dois criadores ajudaram a colocar o canal Comedy Central no mapa, fizeram quatro longas, produziram uma sitcom e tiveram sucesso na Broadway com "Book of Mormon", criado por eles e Robert Lopez.

Stone e Parker estão prestes a completar uma versão para videogame de "South Park". Há pouco tempo anunciaram que estão formando uma produtora chamada Important Studios, avaliada em R$ 600 milhões.

O sucesso de "South Park" é uma lição sobre os elementos fundamentais do entretenimento: se você contar histórias que as pessoas querem ouvir, o público o encontrará. Essa verdade se aplica não importa como os paradigmas possam mudar nem quantas plataformas possam surgir.

"Estamos fazendo isto há tempo suficiente para entender que o conteúdo vai se adequar a qualquer nova onda que surgir", comentou Stone.

MODERAÇÃO

Depois de tudo o que eles já realizaram, seria possível imaginar que eles estivessem querendo moderar um pouco seu ritmo de trabalho, e isso é fato, essencialmente.

Não se preocupe, eles não vão realmente matar Kenny, que é sacrificado ritualmente em cada episódio. Mas "South Park", que de modo geral vem sendo produzido em duas levas de sete episódios, num total de 14 por ano, será reduzido para uma leva de dez episódios por ano.

"Por que fizemos sete e mais sete para começar?" comentou Stone. "Simplesmente fizemos assim. E estamos mudando para dez pela mesma razão. Nos pareceu um bom número, só isso."

A impressão é que a mudança foi decidida quase que por acaso, mas não há nada de casual no raciocínio que direciona Stone e Parker.

"Na primeira temporada, era preciso ligar a televisão às 22h de quarta para ver o programa. Hoje, nem sei mais onde ou como as pessoas o assistem. A gente não liga para os números de audiência."

Isso pode ser feito no Netflix, no iTunes, num formato streaming com anúncios, como o Hulu, ou em formatos suportados pelos servidores da empresa de Stone e Parker em Los Angeles.

Os dois homens tiveram a visão de futuro para negociar com a Comedy Central metade de toda a receita digital futura, e parte da razão pela qual eles continuam tão engajados é que eles têm uma participação real no empreendimento "South Park".

"Sempre fomos donos de nosso trabalho ou agimos como se fôssemos", disse Stone, devorando o almoço.

"Ser dono de seu próprio material quer dizer não apenas que você controla o conteúdo, mas que controla a vida que vive enquanto produz esse conteúdo", disse Stone.

SUOR E DINHEIRO

Ele acha desaconselhável criadores dependerem unicamente de financiamento externo. Por que investir anos de suor na criação de algo, mas não investir dinheiro?

"Levamos quatro anos para produzir 'Book of Mormon'. E quando você pensa no custo disso em termos de oportunidades -outros projetos que recusamos nesse período-, seria burrice não investir dinheiro ", explicou.

Graças a isso, ele e Parker têm uma participação grande em "Book of Mormon", que está prestes a clonar em Londres sua quarta versão -depois de Nova York, Chicago e de uma produção viajante- e que tem rendimento conjunto bruto de quase R$ 10 milhões por semana.

CRIAÇÃO ANALÓGICA

"Se você conta boas histórias, as plataformas não vêm muito ao caso", ele ponderou. "Criamos a coisa mais analógica que você poderia imaginar, uma peça no teatro Eugene O'Neill, e funcionou tão bem quanto todas as outras coisas que já fizemos."

Doug Herzog, presidente do Viacom Entertainment Group, ao qual a Comedy Central pertence, concordou.

"'South Park' ainda não achou plataforma que não fosse capaz de conquistar", disse Herzog. "Ficamos satisfeitos em aceitar quantos episódios eles produzam. "

"Queremos manter 'South Park' por muito tempo ainda, e, em vista do que vem acontecendo na TV, acho que o número de episódios que vamos fazer já não tem tanta importância", Stone explicou.

E, caso eu não tivesse captado o grau de devoção inspirado por Trey Parker e Matt Stone, um jovem se aproximou de nossa mesa, de repente, sem camisa.

Ele começou a falar rapidamente sobre o impacto de "South Park" sobre sua vida. Explicou que tinha tirado a camisa para que não nos esquecêssemos dele.

Mais tarde, Stone não conseguiu lembrar seu nome. "Para mim, ele será para sempre o 'descamisado'."


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