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Rei da pornochanchada, Nuno Leal Maia volta ao cinema em "Tainá 3"

Protagonista de sucessos como "O Bem Dotado - O Homem de Itu", ator ganhou fama em novelas

Mal aproveitado por cineastas atuais, Maia diz que vive em paz depois de se converter ao taoísmo

RODRIGO SALEM DE SÃO PAULO

Nuno Leal Maia, aos 65 anos, é um ator em paz com a carreira e a vida.

Ícone da pornochanchada da década de 1970, paparicado por bicheiros nos anos 1980 e técnico de futebol amador em meados dos 1990, ele volta aos cinemas de forma humilde (após uma ausência de cinco anos) para viver um avô em "Tainá 3 - A Origem", filme da série da indiazinha.

"Se não estiver fazendo cinema, faço outra coisa, como natação. Vou lutar sempre para não virar um velho reclamão", diz ele.

A rotina relaxada de um ex-galã perseguido pelas mulheres, hoje casado há 12 anos e com raras aparições recentes no cinema -na TV, participou da novela "Amor Eterno Amor"- tem um segredo: o taoismo, corrente filosófica originária da China.

"Eu virei taoista por causa da série 'Kung Fu', protagonizada por David Carradine [ator morto em 2009]", confessa sem cerimônia.

O ator nascido em Santos era tão fascinado pelo programa exibido entre 1972 e 1975 que, ao visitar o Festival de Cannes em 1981, divulgando o filme "Ato de Violência", de Eduardo Escorel, ele não resistiu e abordou o ídolo.

"Encontrei com ele e falei da admiração pelo trabalho. O Tao me ajudou muito."

Em um país como os Estados Unidos, um diretor de cinema faria (ou teria feito) com Maia o que Quentin Tarantino fez com John Travolta em "Pulp Fiction".

Maia começou no cinema em "Anjo Loiro" (1973), de Alfredo Sternheim. Encarou logo uma cena de nudez com a musa da época, Vera Fischer, e uma briga com Mário Benvenutti (1926-1993).

"A cena com Vera foi a que mais deu problema na censura, porque os dois apareciam pelados. Homem, naquela época, não podia aparecer nu. O general [Antônio] Bandeira dizia que meu filme era imundo", recorda Sternheim.

Em seguida, o ator virou alvo de disputa dos diretores da Boca do Lixo por seu "porte e sensualidade".

Estrelou o sucesso "O Bem Dotado - O Homem de Itu" (1978), cujo título resume bem a comédia, e fez "Mulher Objeto" (1981), um dos filmes mais controversos do gênero -Helena Ramos vive uma mulher frígida que só sente prazer quando o personagem de Nuno a pega à força.

"A pornochanchada era filme para quem matava trabalho para se masturbar", avalia. "O Cinema Novo era tão sério que ficou chato, então descobriram que mulher pelada vendia."

Apesar de chamar "A Dama do Lotação" (1978), no qual contracenou com Sônia Braga, de "um pornô trágico", o ator gosta do filme de Neville D'Almeida.

Nos anos 1980, Maia pegou papeis mais mansos na televisão. Fez as novelas "A Gata Comeu" (1985) e "Mandala" (1987), em que interpretava o bicheiro Tony Carrado, do bordão "Minha deusa".

"Os bicheiros adoravam o personagem. Achavam que eu era um deles. Quando o Bangu, time de Castor de Andrade [bicheiro morto em 1997], viajava, me levava junto. Pagavam até a conta da churrascaria."

Na época, ele disputava mulheres ("Parecia que eu morava embaixo de uma mangueira, caíam três por dia") com o amigo Mário Gomes, este alvo de boatos sexuais que envolviam uma cenoura.

"Aquilo atrapalhou muito a carreira dele", recorda Maia, que dividiu cenas com Gomes em "Vereda Tropical" (1984). "Eu falei: 'Pô, Mário, aproveita essa porra e faz colar, camisa e uma grife com a marca da cenoura. Você vai sacanear e ganhar dinheiro'."

Nos anos 1990, decidiu virar técnico de futebol. Treinou o Botafogo da Paraíba, mas largou o time no meio da final, porque o presidente do clube queria colocar em campo um jogador punido por ele.

"O cara pediu para descer do ônibus do time em uma cidade que estava tendo uma micareta. Nada contra festa, mas tem de ser profissional."


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