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Crítica Artes Visuais

Mostra é excelente panorama sobre a importância da foto

Exposição sobre fotojornalismo apresenta balanço da revista "O Cruzeiro"

FABIO CYPRIANO CRÍTICO DA FOLHA

Em 7 de outubro de 1961, a revista brasileira "O Cruzeiro" publicou uma matéria intitulada "Novo recorde americano - Miséria", com fotos de Henri Ballot, que retratou uma família porto-riquenha empobrecida, em Nova York.

O artigo causou polêmica e levou o subprefeito da cidade norte-americana a averiguar, pessoalmente, a verdade dos fatos, acompanhado de um repórter do jornal "New York Times", que editou matéria a respeito.

O "Cruzeiro", na verdade, promovia uma retaliação à revista norte-americana "Life", que meses antes havia publicado uma fotorreportagem sobre as favelas brasileiras.

A reveladora história está documentada na mostra "As Origens do Fotojornalismo no Brasil: Um Olhar sobre o Cruzeiro (1940 - 1960)", exposta no Instituto Moreira Salles (IMS), um excelente panorama sobre a importância da fotografia e seus efeitos na sociedade.

INOVADORA

Criada em 1928, por Assis Chateaubriand, com o apoio de Getúlio Vargas, então ministro da Fazenda do governo Washington Luís, a revista "O Cruzeiro" é vista na mostra como inovadora no tratamento da imagem, apesar (ou por causa) de suas relações com o poder.

Graças a acordos com estúdios de Hollywood, a revista podia estampar estrelas de cinema em suas capas, ao mesmo tempo em que contratava fotógrafos do porte do antropólogo francês Pierre Verger (1902-1996), do francês Jean Manzon (1915-1990) e do brasileiro José Medeiros (1921-1990).

Foi em "O Cruzeiro" que Manzon publicou o encontro dos irmãos Villas-Bôas com os índios xavante, entre 1944 e 1947, e que Verger registrou a religiosidade baiana.

PODER

A exposição, com curadoria de Helouise Costa e Sergio Burgi, dá destaque a esse lado humanista da publicação, sem perder de vista suas relações com o poder e sua atitude nacionalista, típicas do modo de ação de Chateaubriand.

Não é à toa, afinal, que imagens de Getúlio Vargas sejam um dos grandes destaques da mostra.

Com um excelente catálogo que também leva nome "As Origens do Fotojornalismo no Brasil" (335 págs., R$ 140), a mostra, com dezenas de fotografias, apresenta um complexo balanço da revista que gerou algumas das mais icônicas imagens do país.


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