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Cinema

Clima fantástico guia filme indie do Oscar

"Indomável Sonhadora" mostra luta de comunidade no sul dos Estados Unidos e tem quatro indicações ao prêmio

Quvenzhané Wallis é a mais jovem concorrente a melhor atriz; filho de brasileiro, diretor estreia em longas

FERNANDA EZABELLA DE LOS ANGELES

Apesar do clima fantástico e dos monstros gigantes, "Indomável Sonhadora" surgiu da dura realidade das comunidades ribeirinhas do sul dos Estados Unidos, no Estado de Louisiana, uma região afetada pelo furacão Katrina em 2005 e, no meio das filmagens, pelo vazamento de petróleo de 2010.

"Sempre sentimos que estávamos contando uma história real, mas pelos olhos de uma garotinha que vê o mundo não necessariamente da forma mais realística", disse à Folha o diretor americano Benh Zeitlin, 30.

Em sua estreia em longa-metragem, ele recebeu quatro indicações ao Oscar, incluindo de melhor direção.

O filme disputa também melhor filme, roteiro adaptado e atriz para a estreante Quvenzhané Wallis, 9, a mais jovem concorrente ao prêmio.

Ela faz a "indomável sonhadora" Hushpuppy, que mora num barraco com o pai doente (Dwight Henry), numa vila isolada perto de um rio que aguarda o fim do mundo.

"Ela está se divertindo muito com esta badalação toda. E se adapta muito bem em qualquer situação", disse sobre Wallis. "Nunca conheci alguém assim, é uma criança normal e tem uma sabedoria incrível."

O filme tem o menor orçamento entre seus rivais do Oscar, apenas US$ 1,8 milhão (R$ 3,6 milhões), e foi rodado no esquema guerrilha, com amigos e atores não profissionais.

O roteiro é assinado por Zeitlin e por sua amiga de infância Lucy Alibar, adaptado de uma peça dela.

"Usamos a estrutura mitológica da peça e substituímos coisas do apocalipse, como as sete pragas e fogo no céu, pela inundação, a morte do meio ambiente e outras coisas que acontecem na Louisiana", continuou Zeitlin.

O diretor se apaixonou pela região ao se mudar para Nova Orleans, onde mora há seis anos e pretende rodar seu segundo longa, do qual não revela detalhes.

Mesmo sendo um lugar tão peculiar nos EUA, ele acredita que a mensagem do filme possa ressoar em lugares distantes como o Brasil, que ele já visitou diversas vezes, já que seu pai é brasileiro.

BATALHA

"A história é sobre estas pessoas que realmente batalham para ficar e preservar sua cultura, seu modo de vida. Sei que há lugares únicos no Brasil, também na costa, com problemas parecidos", disse Zeitlin, cujo pai radicado nos EUA é estudioso de folclores urbanos de Nova York.

Para fazer as criaturas mitológicas que surgem na comunidade após o derretimento das geleiras, a equipe tampouco usou efeitos de computador.

Um amigo do diretor aprendeu através de livros a treinar cinco porcos selvagens vietnamitas, e os animais foram filmados em cenários de miniatura.

"Porcos fazem qualquer coisa por pipoca. Conseguimos ensinar seis ou sete coisas e criamos as cenas ao redor destas habilidades", contou o diretor, que não levará discurso pronto à festa de domingo para "não dar azar".


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