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Globo Filmes faz mal à cultura e "adestra público", diz diretor

Kleber Mendonça, de "O Som ao Redor", rebate desafio da produtora global de atingir 200 mil espectadores

Embate com Cadu Rodrigues, da Globo Filmes, começou com declaração de Mendonça à Folha

DE SÃO PAULO

O diretor Kleber Mendonça Filho, do filme "O Som ao Redor", disse ontem que a Globo Filmes "faz mal à ideia de cultura no Brasil, atrofia o conceito de diversidade no cinema brasileiro e adestra um público cada vez mais dopado para reagir a um cinema institucional e morto".

Mendonça fez o comentário em tréplica ao diretor-executivo da Globo Filmes, Cadu Rodrigues, que, anteontem, "desafiou" Mendonça a produzir e dirigir um filme com o apoio da produtora e atingir 200 mil espectadores.

"Se fizer [200 mil espectadores], nada do nosso trabalho será cobrado do filme dele. Se não fizer os 200 mil, assume publicamente que, como diretor, ele talvez seja um bom crítico", disse.

Rodrigues rebatia declaração de Mendonça à Folha, publicada no último domingo, de que qualquer um que "lançar o vídeo do churrasco no esquema da Globo Filmes fará 200 mil espectadores no primeiro final de semana".

Ontem, Mendonça agradeceu ao desafio de Rodrigues, mas questionou sua associação entre a meta comercial e a qualidade de um cineasta. "O valor de um filme, ou de um artista, não deveria residir única e exclusivamente nos número$", escreveu.

E devolveu o desafio:

"Que a Globo Filmes [...] invista em pelo menos três projetos por ano que tenham a pretensão de ir além, projetos que não sumam do radar da cultura depois de três ou quatro meses cumprindo a meta de atrair alguns milhões de espectadores que não sabem nem exatamente o porquê de terem ido ver aquilo."

Argumentou que isso levaria à descoberta de novos nomes e lembrou que os "produtos comerciais" da Globo "também trabalham com incentivos públicos que realizadores autorais utilizam".

Por fim, afirmou não querer ser incluído nessas novas descobertas. "Gosto de meu estilo de fazer cinema."

"O Som ao Redor" estreou em 13 salas em 4 de janeiro e foi visto por 80 mil pessoas em oito semanas. Custou R$ 1,8 milhão, sendo R$ 550 mil do fundo para o audiovisual de Pernambuco, onde foi rodado.


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