Saltar para o conteúdo principal Saltar para o menu
 
 

Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria

Ilustrada

  • Tamanho da Letra  
  • Comunicar Erros  
  • Imprimir  

Televisão

Neto de Buñuel desbrava festival hindu

Ex-correspondente de guerra, Diego Buñuel dirige documentário sobre o Maha Kumbha Mela, na Índia

Trabalho faz parte das comemorações de 125 anos da organização científica National Geographic Society

ALBERTO PEREIRA JR. DE SÃO PAULO

Diego Buñuel, 37, tinha oito anos quando o seu avô, o cineasta espanhol Luís Buñuel - "A Bela da Tarde" (1967) e "Um Cão Andaluz" (1928)- morreu, em 1983.

"Às vezes penso nisso, que é, de certa maneira, bem trágico. Tive um gênio na família, que partiu antes de eu ter idade suficiente para aprender com ele", disse à Folha.

Ex-correspondente de guerra, o jornalista e apresentador francês seguiu, de certo modo, os passos do parente ilustre e se especializou em contar histórias.

"Meu avô utilizava o humor e o surrealismo para fazer os seus filmes. Eu uso o meu humor e a hiper-realidade para fazer o meu trabalho", afirma.

Acostumado a coberturas de conflitos internacionais, Diego Buñuel fez uma imersão no transcendental em seu novo projeto.

Acompanhado de duas equipes de cinegrafistas e produtores, viajou para a Índia com a missão de registrar o festival religioso Maha Kumbha Mela, em janeiro deste ano.

O resultado -o documentário "O Maior Festival Religioso do Mundo"- será exibido no próximo domingo (3), no canal NatGeo, como parte da comemoração dos 125 anos da organização National Geographic Society.

O título da produção, aliás, não exagera nas proporções do evento.

Realizada a cada 12 anos, a festividade reúne hindus de todas as partes do país, na região de Allahabad, onde está a confluência dos rios Ganges, Yamuna e Saraswati.

O objetivo é "lavar" os pecados nas águas do rio sagrado e alcançar o perdão.

"São cem milhões de pessoas que participam da festa, que dura cerca de 50 dias. Religiosos de todos os cantos da Índia. Os acampamentos acabam ganhando um espírito à la Las Vegas, com luzes e músicas", conta Buñuel.

O apresentador, que diz ter uma postura mais cética quando o assunto é religião, afirma ter presenciado demonstrações impressionantes de superação da dor física e da primazia da mente sobre o corpo.

"Há um homem que está há 44 anos com o braço direito para cima, com o punho cerrado. Agora, ele não consegue mais baixá-lo, o membro está calcificado", conta.

"Outro está de pé desde os 12 anos de idade. Ele dorme de pé. Não conhecia tantas coisas do hinduísmo, tentei dar uma compreensão da magia da religião e mostrar aventuras e coisas surpreendentes do evento."

Segundo Buñuel, a Índia reúne os contrastes de um país que preserva tradições milenares e é a maior democracia no coração da Ásia.

"Acredito num futuro conflito entre a China, o país da ditadura, e a Índia, um país democrático.", analisa

Sobre o fato de conseguir capturar a intimidade de personagens reais, ele revela seu segredo: "Sorriso e humildade. Um sorriso é algo muito difícil de recusar, é a base da comunicação humana".


Publicidade

Publicidade

Publicidade


Voltar ao topo da página