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Crítica samba
Estreia leva toque conceitual ao imaginário do samba
RONALDO EVANGELISTA COLABORAÇÃO PARA A FOLHAO imaginário sambístico é tão amplo e elástico quanto nós quisermos dele. Entre músicas cantadas em primeira pessoa e composições construídas sobre observações, metassambas e não-sambas, o ritmo, com sua história e tudo que ele sugere, é base fundamental da música brasileira há pelo menos um século.
O primeiro álbum autoral do historiador e músico Cacá Machado já insere no título o seu próprio toque conceitual, assumindo relações e somando diversas participações para construir um universo tão dentro das tradições musicais quanto disposto a reinventá-las.
Entre rua e academia, familiaridade e estranhamento, o álbum traz texturas, poesias, comentários e climas de colorido sépia: samba bem informado, intelecto em busca do instinto, música do corpo a serviço do cérebro.
Unindo figuras como Ná Ozzetti, Arrigo Barnabé, José Miguel Wisnik e Arthur Nestrovski a nomes como Romulo Fróes, Marcia Castro, Rodrigo Campos e Kiko Dinucci, o disco também funciona como retrato de pelo menos duas gerações de certa música feita em São Paulo.
Não à toa é grande a proximidade com o trabalho dos citados, cruzando bons momentos poéticos e achados rítmicos, em busca das magias nucleares que formam uma canção, com leves momentos quase pop, como em "Quero Mais" e "Divino Flerte".
Com produção de Gui Kastrup e direção artística de Fróes, em parceria com Machado, o álbum tem como base Kastrup (bateria), Meno Del Picchia (baixo), Rodrigo Campos (cavaquinho), Kiko Dinucci (guitarra) e Machado (violão), com algumas variações e participações.
ESLAVOSAMBA
ARTISTA Cacá Machado
GRAVADORA YB Music/Circus
QUANTO R$ 25, em média (download gratuito no site www.cacamachado.net)
AVALIAÇÃO bom