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Crítica - Romance

Obra tem humor de nuances sutis ao explorar tema judaico

NOEMI JAFFE ESPECIAL PARA A FOLHA

Um judeu. O que é ser um judeu? Se essa pergunta ronda, irrespondível, a imaginação de judeus, escritores ou não, há centenas de anos, imagine então o que deve representar para um não judeu obcecado em respondê-la.

Julian Treslove, um desafortunado gói inglês, deseja neuroticamente -nada mais judeu do que isso- saber o que é ser um "finkler", expressão que usa para designar todos "eles", os judeus.

Seu amigo de infância Samuel Finkler é um judeu que se torna sucesso nacional no gênero autoajuda filosófica.

Seu também amigo Libor, outro "finkler", foi seu professor na faculdade e colunista de fofocas em Hollywood, tendo chegado a ficar amigo de Marylin Monroe e Marlene Dietrich, que não lhe pareceram boas para competir com Malkie, sua mulher "finkleresa" cuja maior qualidade era saber fazê-lo rir.

Essa talvez seja uma boa resposta para o que é ser "finkler": saber rir de si mesmo. Isso é o que faz Howard Jacobson em "A Questão Finkler", livro ganhador do Man Booker Prize de 2010.

Philip Roth, Saul Bellow e mais recentemente Jonathan Safran Foer são norte-americanos que souberam fundir comédia e tragédia na exploração de temas judaicos. Na Inglaterra não há tradição do gênero -e essa pode ser uma razão por que "A Questão Finkler" soa diferente de seus equivalentes dos EUA. Seu humor tem nuances mais sutis.

Apesar de Treslove trabalhar como sósia de celebridades (como Brad Pitt, e mais Woody Allen do que isso impossível) as farpas filosóficas-existenciais-sofisticadas travadas com seus amigos só poderiam ocorrer na Inglaterra.

Finkler é um judeu que odeia Israel e lidera um grupo chamado Judeus MORTificados, Libor é um sionista frustrado e Treslove é o que os americanos chamariam de "loser" -não consegue constância no amor, não sente nada pelos filhos e sua maior fixação é ser ou não ser judeu.

Mas a autoironia, o humor judaico só brilha com sua estranha luz quando junto com ela opera a melancolia. O riso judaico é misteriosamente triste e é assim também em "A Questão Finkler". Que o leitor não estranhe se, no meio de uma gargalhada, se pegar chorando.


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