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Diário de Berlim - O mapa da cultura

Um prefeito no paredão

O condomínio de luxo que enfrenta a arte

SILVIA BITTENCOURT

ENQUANTO O MUNDO inteiro assiste à derrubada de parte da East Side Gallery --o maior trecho que restou do antigo Muro de Berlim e hoje uma galeria de arte a céu aberto--, o resto da Alemanha vem fazendo chacota dos últimos escândalos envolvendo a sua capital. Quem está na berlinda é o prefeito social-democrata Klaus Wowereit.

Charmoso, festeiro e homossexual assumido, Wowereit, 59, foi, por mais de uma década, um dos políticos mais populares da Alemanha. Mas, desde o ano passado, quando foi obrigado a adiar para outubro deste ano a inauguração do aeroporto internacional de Berlim --por má gestão e problemas técnicos--, sua popularidade vem despencando.

Agora, apesar de buscar um acordo com os investidores que planejam erguer um condomínio de luxo ao lado do muro, Wowereit é atacado. Afinal, faz parte da política do prefeito atrair investimentos para a sua cidade endividada.

Realizar grandes negócios sem prejudicar construções antigas sempre se mostrou difícil em Berlim, sobretudo no leste da cidade, em processo constante de modernização --por isso projetos imobiliários são alvos frequentes de manifestantes, como é o caso do edifício que será levantado na beira do rio Spree, junto à East Side Gallery.

A construção do empreendimento, por exemplo, implica a remoção de 30 metros do muro.

Trazendo pinturas de artistas de todo o mundo, a East Side Gallery se tornou, já faz tempo, um dos principais pontos turísticos de Berlim. Ali está o famoso "Beijo Fraterno" --um beijo na boca entre os líderes comunistas Leonid Brejnev e Erich Honecker--, do russo Dimitri Vrubel.

JUDEUS

A recém-inaugurada exposição "Toda a Verdade "" O Que Você Sempre Quis Saber Sobre os Judeus" vem lotando o já popular Museu Judaico de Berlim. Lá estão, em alemão e em inglês, dezenas de perguntas acumuladas pelo museu durante anos com seus visitantes.

Como reconhecer um judeu? É permitido fazer piadas sobre o Holocausto? O que os judeus fazem no Natal? As respostas o visitante só consegue supor, através de objetos, fotos, obras de arte e instalações que acompanham as perguntas. "Ao vivo", sentado dentro de uma vitrine, um judeu tira as dúvidas do público que visita o museu à tarde. Sua presença ali responde à questão: "Ainda existem judeus na Alemanha?".

A proposta do evento, que acontece até setembro, é atacar clichês e preconceitos, apresentando de forma bem-humorada o modo de vida e de pensar judaicos.

Assista à animação promocional da mostra, produzida pela ilustradora Dorota Gorski, em bit.ly/jewsberlin.

SEPARADOS PELA GUERRA

A Alemanha vem lembrando os 80 anos da ascensão de Adolf Hitler ao poder, o que se deu em 30 de janeiro de 1933. Um dos destaques foi a minissérie "Unsere Mütter, Unsere Väter" ("Nossas Mães, Nossos Pais"), sobre os destinos de cinco amigos berlinenses, que se separam em 1941 por causa da Segunda Guerra Mundial.

Transmitida no final do mês passado, essa superprodução de três capítulos registrou um recorde de público e ocupou por várias semanas os cadernos culturais.

Foi um sucesso não só pela atuação dos jovens Tom Schilling ("O Grupo Baader Meinhof") e Katharina Schüttler ("Carlos, o Chacal") mas sobretudo por não poupar o espectador dos horrores que aconteceram durante as investidas alemãs na Rússia.

Quem não gostou foram a mídia e os políticos da Polônia. Ficaram indignados com o fato de membros da resistência polonesa aparecerem no filme como antissemitas violentos.

VIDA

Um livro inusitado levou o principal prêmio da última edição da Feira de Livros de Leipzig, realizada em março. No romance "Leben" ("Vida"), o escritor berlinense David Wagner, 41, conta, numa sequência de notas curtas, sua experiência como paciente terminal e transplantado de fígado.

Wagner sofria desde criança de uma hepatite autoimune e só em 2007 recebeu o esperado telefonema, avisando do novo fígado. Duas páginas escuras no meio do livro dividem a narrativa entre antes e depois da operação.

Às vezes como num diário, às vezes como num protocolo, o narrador intercala lembranças da infância e da juventude com boletins médicos, momentos de alucinação, euforia e melancolia.

O pano de fundo é um quarto de hospital.


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