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Diário de Berlim

O MAPA DA CULTURA

Alemães à toda prova

O bom germânico sabe onde registrar seu cão

SILVIA BITTENCOURT

O QUE É PRECISO saber para ser alemão? Que aspectos da identidade nacional são importantes na visão das autoridades alemãs? Confronta-se com estas questões quem faz o teste Viver na Alemanha, uma das precondições exigidas do estrangeiro para adquirir a nacionalidade do país.

São mais de 300 perguntas, elaboradas pela Universidade Humboldt (Berlim), relativas a política, leis, história, cultura e costumes na Alemanha, que o estrangeiro deve "estudar". No teste, de múltipla escolha, são 33 delas e o candidato deve acertar ao menos 17.

No geral, as perguntas são básicas: Que cidade alemã foi dividida em quatro setores depois da Segunda Guerra? Às vezes, hilárias: Que costume os alemães têm na Páscoa? Pintar ovos ou enfeitar a árvore de Natal? Outras exigem um pouco mais: Quem é o autor do hino alemão? (August Heinrich Hoffmann von Fallersleben) Ou em qual repartição pública deve-se registrar um cachorro? (Na prefeitura.)

Instituído há cinco anos, o teste provocou, no início, uma queda nos pedidos de naturalização, feitos sobretudo por turcos, sérvios, montenegrinos e kosovares. Entretanto, com seu índice de aprovação em torno de 98%, logo se mostrou uma barreira superável, e o número voltou a subir.

Cerca de 110 mil estrangeiros naturalizam-se todo ano na Alemanha, número que deve aumentar. Com a dupla nacionalidade, o governo tenta cooptar mão de obra especializada, em falta no país.

O teste, porém, é alvo de críticas. As questões de direito trabalhista ou sobre acordos internacionais seriam complicadas demais, inclusive para o alemão médio. Nomes importantes da cultura alemã teriam ficado de fora, como Beethoven e Thomas Mann.

Políticos e representantes de entidades judaicas também criticam o fato de o Holocausto, frequentemente negado por dirigentes muçulmanos, não ser mencionado uma única vez. Estranham o fato de o Estado considerar mais importantes questões sobre impostos para cachorros do que sobre a maior catástrofe da história do país.

A VOLTA DE "BAAL"

Depois de mais de 40 anos fechado num arquivo, foi liberado o filme "Baal" (1969), de Volker Schlöndorff, baseado na peça de Bertolt Brecht com o mesmo título. O filme havia sido proibido em 1970, a pedido da viúva de Brecht, Helene Weigel (1900-71) --provavelmente porque a obra remete aos tempos juvenis e anárquicos do autor. Trazendo dois ícones do cinema alemão nos papéis principais, os então jovens atores Rainer Werner Fassbinder e Margarethe von Trotta, o filme leva a peça de Brecht para o contexto da revolta estudantil dos anos 60.

"Baal" narra a história de um poeta talentoso, que despreza a alta sociedade que o bajula e que se aproveita descaradamente dos amigos e das mulheres. Brecht escreveu a primeira versão da peça em 1918, quando tinha 20 anos.

FLORES A WEIWEI

As milhares de cartas e flores enviadas pelos alemães não foram suficientes para o governo chinês liberar a saída de um dos seus maiores artistas, Ai Weiwei, objeto de retrospectiva até o próximo dia 7 de julho no museu Martin-Gropius-Bau, em Berlim.

A exposição "Evidence", a maior já realizada sobre o artista, reúne objetos, vídeos e instalações, que ocupam 18 salas e o belo pátio interno do Gropius-Bau. Ali estão expostos, por exemplo, 6.000 banquinhos antigos de madeira, alusão à China rural.

CASA DO BIQUÍNI

Posta de escanteio depois da Queda do Muro, quando os investimentos se concentraram no lado oriental, Berlim Ocidental refloresce. Enquanto a Ku'damm, avenida glamorosa décadas atrás, voltou a receber grifes internacionais, foi reinaugurada a Bikinihaus ("casa do biquíni"), um shopping center com grifes de Berlim. Ela fica ao lado do jardim zoológico, região ainda "barra pesada", celebrizada no filme "Eu, Christiane F." (1981).

O apelido do prédio, dos anos 50, se deve ao fato de que o projeto original lembraria a peça de banho: uma construção baixa e retangular, dividida em duas partes. A abertura ocorre poucos após a reinauguração do prédio vizinho, o Zoo Palast, cinema mais tradicional da cidade, da mesma época e, por décadas, sede da Berlinale.


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