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Diário de Tóquio

o mapa da cultura

O verbete

"Shuukatsu", o neologismo do ano

ANGELO ISHI

No universo midiático e linguístico do Japão, não é a imagem que vale por mil palavras. Todos estão a procura da palavra mágica que possa valer por mil imagens. Um dos anúncios mais aguardados no final de cada ano é a lista das palavras mais populares, selecionadas por um júri de intelectuais.

Quem promove a seleção é a editora Jiyu Kokumin, cujo anuário Gendai Yogo no Kiso Chishiki (conhecimentos básicos sobre o vocabulário contemporâneo) tem lugar cativo nas bibliotecas públicas e escolares. Seus verbetes servem como referência para os termos que deverão ser incluídos nos dicionários.

O prêmio dos neologismos e termos mais populares do ano já está na 29ª edição. A palavra nova mais instigante é "shuukatsu", combinação dos kanjis "fim" e "agir", significando "preparar o seu próprio fim". Com o envelhecimento da população, aumentou o número de pessoas que fazem questão de preparar a sua morte para não causar transtornos aos seus familiares.

O tema se tornou mais evidente depois de o ministro das Finanças, Taro Aso, dizer na segunda (21) que idosos como ele -um senhor de 72 anos- deveriam "se apressar e morrer" para desonerar o Estado.

Os manuais do "shuukatsu" recomendam deixar pago o seu túmulo, combinar os detalhes do funeral, resolver pendências financeiras e preparar um testamento que não dê margem para brigas.

O termo foi cunhado pelo semanário "Shukan Asahi", que publicou em 2009 uma série sobre o tema, mas se popularizou de vez no ano passado, quando o jornalista Tetsuo Kaneko morreu de câncer aos 41 anos. Ele preparou em dois meses o que a mídia chamou de o funeral perfeito, escolhendo até a flor que iria ao lado da sua foto no velório.

PATRIOTISMO NA TV

O Koohaku Utagassen, exibido anualmente pela NHK na véspera de Ano-Novo, é o programa mais antigo da TV japonesa. É um inofensivo festival musical competitivo entre homens e mulheres.

Na edição de 2011, a emissora foi pega de surpresa quando manifestantes nacionalistas ocuparam a praça em frente à sua sede, protestando contra o excesso de artistas coreanos no programa: "A NHK foi vendida para os estrangeiros!". Desta vez, a rede cortou os artistas coreanos, mas exibiu um longo número musical com personagens da Disney. Ninguém protestou.

CRISTÃOS ESCONDIDOS

O Museu da Universidade de Kyoto exibe até 2 de março dois quadros raros pintados pelos "cristãos escondidos" do século 17, quando o cristianismo era proibido no Japão. Ambos revelam a devoção dos autores pela Virgem Maria e foram descobertos em residências particulares entre as décadas de 20 e 30. Veja os quadros no site bit.ly/mukyoto.

O IMPÉRIO DA CENSURA

Ao contrário do que possam imaginar seus fãs no Ocidente, a morte do diretor Nagisa Oshima, em 15/1, não provocou comoção nacional. Nenhuma emissora dedicou a ele um bloco inteiro do noticiário, como foi feito quando morreu, em dezembro, o astro do teatro kabuki Nakamura Kanzaburo. Ainda hoje, os japoneses não conhecem o legítimo Oshima -a censura castrou o clássico "O Império dos Sentidos" (1976). Ninguém viu a versão sem cortes, exibida no exterior.

Na memória de muitos, ele ficará marcado como o diretor de "Furyo - Em Nome da Honra" (1983). Para mim, seus filmes mais memoráveis são "Kôshikei" ("O enforcamento", 1968), no qual um descendente de coreanos condenado à morte por estupro não consegue morrer nas sucessivas tentativas de execução, e "Shonen" ("O menino", 1969), em que um casal joga o filho contra carros para simular um acidente e conseguir uma indenização.

Cada qual ao seu modo, são eletrizantes dissertações sociológicas em forma de filme.


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