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Diário de Cartagena

o mapa da cultura

Lado A (e B)

Por dentro (e por fora) da festa de Cartagena

CASSIANO ELEK MACHADO

Cartagena vive uma contradição, a da difícil convivência dos chapéus com o forte vento caribenho. Jovens e idosos, turistas e cartageneros, andam pelas ruas da enorme Paraty colombiana, segurando seus "sombreros", como já o fizeram Bill Clinton e João Paulo 2º (há provas).

Não espanta, pois, que na saída do teatro Adolfo Mejía haja um plantão de vendedores de chapéus, prontos para encaçaparem um panamá no turista incauto. Mas, nos quatro dias do Hay Festival Cartagena, na semana restrasada, outro grupo disputava com eles a cabeça dos passantes: os cambistas. "Olha a entrada pro Julian Barnes", anuncia um bigodudo. "Herta Müller, Herta Müller", acena outro rapaz, tão magro que faz lembrar a frase da estrela do Hay 2013, Mario Vargas Llosa: "Era tão magro que parecia viver de perfil".

LITERATURA AMBULANTE

Martín Murillo Gómez era vendedor ambulante há alguns anos. Nem chapéus nem ingressos: atuava no ramo de águas e refrigerantes. Um dia, o jornalista Jaime Abello Banfi, diretor da Fundación Gabriel García Márquez para el Nuevo Periodismo (FNPI), notou o ambulante mergulhado na leitura de um Saramago. Ficaram amigos, e Jaime começou a lhe dar livros e apresentá-lo a uma porção de escritores, incluindo Gabo.

Em 2007, Martín mudou da água pros livros: criou o "La Carreta Literaria ¡Leamos!", espécie de carrinho de sorveteiro que circula pela cidade emprestando livros -e tem até patrocinadores. Martín alimenta um blog e um Twitter (@La

CarretaesLeer), já escreveu suas memórias e foi convidado a importantes eventos literários na Venezuela, México e Argentina. Aguarda ansioso um convite do Brasil.

SAPOS E FAISÕES

Depois de sua comovente fala no festival, sobre sua relação com as plantas na infância, Herta Müller foi vista rastejando no jardim do Hotel Santa Clara. Estava seguindo um sapo. Sobre outro animal, que aparece no título de uma novela que sai no Brasil, "O Homem É um Grande Faisão no Mundo" (Companhia das Letras), a Nobel 2009 deu esclarecedor depoimento. "Para os alemães, o faisão é arrogante. É símbolo de exibicionismo. Para os romenos, o faisão é símbolo de humildade. Pobrezinho, é uma ave que não pode voar", disse a teuto-romena.

AFUERAS

Único brasileiro no Hay colombiano, o carioca JP Cuenca pôde conhecer o lado B de Cartagena (bem maior do que o A, diga-se). Além das palestras da programação central, no centro histórico, ele falou para 80 alunos de uma escola técnica na periferia da cidade de quase 1 milhão de habitantes. Antes, ouviu um discurso em língua indígena. "Na Colômbia há 66 idiomas indígenas vivos", espantou-se ele, que conversou com o público (em espanhol) por mais de uma hora e meia.

MELHOR BAR DO MUNDO

Todos os caminhos levam à salsa. Com efeito, o último debate foi sobre o requebrante ritmo caribenho. Um dos debatedores foi o Mario Jursich, diretor da ótima revista colombiana "El Malpensante", tradutor de Rubem Fonseca e organizador de "¡Fuera Zapato Viejo!", compêndio sobre a salsa em Bogotá a sair nos próximos meses.

Da teoria, Jursich passou à prática. Conduziu uma boa caravana de escritores ao Quiebra-Canto, lendário bar "salsero" em frente à muralha que cerca a parte histórica de Cartagena. "Este é o melhor bar do mundo", diz o jornalista colombiano Ricardo Corredor Cure.


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