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Ilustrissima

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ENTREVISTA - ALICE SANT'ANNA

Um iceberg de sentidos

Questões poéticas sobre fatos triviais e vice-versa

RESUMO Em 1953 Vinicius de Moraes fez, para o semanário "Flan", do jornal "Última Hora", entrevista de perguntas e respostas improváveis com o músico Jayme Ovalle. Nesses moldes, Armando Freitas Filho conversa com a também poeta Alice Sant'Anna, autora de "Rabo de Baleia", que sai no dia 14 pela Cosac Naify (64 págs., R$ 28).

ARMANDO FREITAS FILHO

A seguir, leia a conversa que travaram os dois poetas cariocas.

-

Armando Freitas Filho - Cortar o cabelo machuca, Alice?
Alice Sant'Anna - Machuca deixar crescer. Cabelo pesa.

Não comprar antes da moça ao lado um vestido de tule illusion champagne, que esvoaça no corpo dela, é irreparável?
É irreparável. Os vestidos bonitos demais não podem ser muitos no armário, precisam ser raros. E não devem, obviamente, ser usados todos os dias. Tule illusion champagne, com um nome desses, só tem graça depois de muita calça jeans.

Só podendo escolher um e nenhum outro: quem você chamaria para ver o rabo da baleia? Carlos Drummond ou João Cabral?
Essa é impossível, levo os dois comigo.

O fantasma de Ana Cristina César existe?
Existe, mas não dá susto.

Pudim de leite engorda?
Pudim, não. Culpa engorda.

Já brigou, ou pelo menos teve vontade de brigar com algum poeta para valer, com ódio, com a caneta nos dentes, o dedo na cara, com vontade de matar o desgraçado?
Só gosto de quem gosta de mim.

Neste segundo pingue-pongue que nós jogamos, a sua rebatida, a sua cortada estão mais difíceis do que no primeiro?
É um pouco diferente: no nosso livro, eu cortava, mas também sacava. Aqui eu só rebato.

"Rabo de Baleia" não é um título usual para livro de poesia. O que fez você escolher esse nome? Foi pela surpresa?
É como enxergar só a ponta e deduzir todo um iceberg: ver o rabo de baleia basta para imaginar que existe um bicho inteiro debaixo d'água. A gente está sempre tentando agarrar o rabo da baleia, mas ele escapa, é infalível. Quando dá a sorte de aparecer, é rápido demais, dura poucos segundos, como um pequeno milagre.


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