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Simplicidade orienta a reforma de estúdio em NY

Apê de 90m² vira estúdio com armários fartos e cama no meio da sala

PENELOPE GREEN DO "NEW YORK TIMES"

1mesa de aço fica no saguão de entrada do apartamento2 CADEIRAS da mesa de jantar são feitas de jeans e camisetas3puxadores de couro nas portas dos armários evitam acidentes

Paul Palandjian não hesita em admitir que é um homem de grande concentração: formado pela Universidade Harvard, antigo jogador profissional de tênis e herdeiro de uma família de empreendedores imobiliários, seus gostos sempre foram conservadores, especialmente em termos de arquitetura.

Mas algo aconteceu com Palandjian, 46, que deixou o negócio da família para se tornar consultor de defesa, segurança e inteligência, quando ele começou a colecionar arte contemporânea.

"Um dia, eu estava na livraria do MoMA (Museu de Arte Moderna de Nova York), cercado de livros de arquitetura, e uma ideia me ocorreu", conta. "Eu imaginava a arte como uma variedade de mídias, mas não como uma construção de formas, não como arquitetura. Era ingênuo a esse ponto".

Foi depois disso que ele começou a se educar avidamente, avançando rapidamente do classicismo do arquiteto britânico Edwin Lutyens ao nascimento do modernismo europeu e aos arquitetos atuais. Os japoneses Shigeru Ban e Tadao Ando se tornaram as suas principais referências.

Em seguida, em 2005, ele descobriu Rick Joy, arquiteto do Arizona que havia acabado de conquistar um prêmio nacional de design, o Cooper-Hewitt.

"Eu nem sabia quem era ele", afirma Palandjian, que conta ter se emocionado diante das "formas simples e monumentais" que caracterizam o trabalho de Joy.

REFÚGIO

E, naquele momento, Palandjian teve um segundo despertar. Estava em Nantucket, onde ele e a mulher, Dionne, têm uma casa de férias, e percebeu que "a casa já não servia como fuga".

"As crianças estavam crescendo rápido demais. Você vai para algum lugar com vontade de escapar às suas obrigações e percebe que elas na realidade o acompanharam", desabafa.

Então, eles venderam a casa e compraram uma fazenda em Woodstock, Vermont. Lá, Palandjian se divertia folheando seus livros de arquitetura e sonhando com as obras de Joy.

Quando contou isso a um amigo, recebeu uma sugestão evidente: telefonar para o arquiteto.

Joy terminou projetando uma casa para Palandjian em formato de celeiro, de pedra e madeira, simples como um desenho infantil. A precisão e a visão prática de Joy fascinaram Palandjian.

Ele relembra a primeira visita ao local da obra: "Rick estava recolhendo folhas, e eu subi a colina como se fosse o aristocrata local. E Rick me disse que eu não gostaria de uma casa construída no alto da encosta. E logo me fez mudar de ideia".

"Ficamos amigos, o que nem sempre é possível entre arquiteto e cliente", diz Joy. "Eu uso muito a palavra merecedor'. Alguns clientes não merecem o trabalho que fazemos, e alguns deles merecem demais. Paul está no topo da lista dos merecedores."

CASA DO AVESSO

Quando Palandjian decidiu que precisava de uma base em Manhattan e comprou um apartamento em um grande edifício na avenida das Americas, pediu que Joy cuidasse do projeto de reforma. O estúdio de 90 metros quadrados é o primeiro que Joy já projetou para um cliente. Ele conduziu, por exemplo, a reforma da estação ferroviária de Princeton --o tipo de projeto que sua empresa costuma realizar.

Para o apartamento, ele imaginou uma espécie de "casa do avesso", com uma película de abeto caiado (madeira coberta de cal). A mesa de jantar e a cama têm o mesmo material. O teto e as paredes são de gesso veneziano branco.

Do topo das janelas, pendem cortinas brancas e, em volta da cama, cortinas de linho azul e branco podem ser fechadas para criar um "quarto" e bloqueiam a luz da manhã. "É possível receber 30 pessoas em uma festa e guardar os casacos sobre a cama."

As portas dos armários, que estão por todos os lados, têm puxadores de couro, para que ninguém se machuque ao esbarrar neles ao caminhar pelo apartamento. Esse detalhe Joy já havia usado na casa em Woodstock.

Palandjian pagou US$ 1,05 milhão (R$ 1,97 milhão) pelo apartamento em 2010 e gastou cerca de US$ 300 mil (R$ 592 mil) na reforma.

Ele demoliu o apartamento por dentro, removendo as paredes de gesso e pisos de madeira, mantendo apenas o banheiro, cujo acabamento era melhor. Mas a parede do banheiro foi reforçada e aprofundada para criar mais espaço de armazenagem.

Também instalou isolamento acústico nas paredes duplas de gesso, para que Palandjian possa tocar sua guitarra sem incomodar os vizinhos --ou ainda jogar futebol com os filhos.

"Tenho bolas de futebol coloridas desde os cinco anos. Você pode jogar com elas. Jogo com meus filhos. Usamos aquela porta como gol", diz ele, chutando a bola firmemente na direção da cozinha.


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