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Construtoras 'rebeldes' condenam muros altos

Condomínios cercados e isolados são tidos como inimigos da 'boa arquitetura' apregoada pelos incorporadores

DE SÃO PAULO

Ainda que as soluções para encontrar uma "nova arquitetura" variem, o discurso das novas incorporadoras prevê uma cidade mais aberta e integrada. Segundo as empresas, isso implica criar uma alternativa a condomínios com muros altos.

A escolha dessa estrutura como inimigo-chave tem uma dupla razão. A primeira é que o muro representa uma divisão explícita entre o mundo de dentro e o de fora -ainda que um gradil desempenhe a mesma função, só que de forma mais discreta. A segunda é que esconde a fachada do edifício, impedindo que se aprecie seu desenho.

Para o arquiteto e curador da 10ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Guilherme Wisnik, falar em "prédios beges" é uma generalização. "Se você pensa em Nova York, por exemplo, faz sentido definir os prédios pela cor marrom, pois são feitos de tijolos. Em São Paulo, não há tanta uniformização."

Quanto à presença constante do vidro, ele não condena o uso do material, mas ressalta que os espelhados e fumês "são feios e não oferecem transparência".

Para o vice-presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, as construtoras precisam fazer prédios bonitos, mas adequados à demanda. "Não é verdade que falta às incorporadoras vontade de fazer produtos bonitos. O que manda é a viabilidade econômica."

Restritos a bairros nobres da capital, como Vila Madalena e Itaim Bibi, um apartamento dessas incorporadoras custa de R$ 10 mil a R$ 15 mil o metro quadrado.

MAIS GRAMA

A opção pela influência modernista como sinônimo de qualidade arquitetônica não é unanimidade.

Rafael Birmann, da incorporadora Faria Lima Prime Properties, com atuação em empreendimentos corporativos, ressalta que a abertura à cidade pode ser feita por outros meios. "O modernismo olhou muito para a obra 'escultórica', entendida como o grande monumento, distante e inatingível, como Brasília. Hoje, a vida pede menos concreto e mais grama."

Para Maria Teresa Diniz, coordenadora-executiva do grupo de pesquisa USP Cidades, é preciso repensar a legislação em alguns pontos.

Segundo ela, exigir para a cidade toda um recuo frontal de cinco metros do edifício até a calçada acaba funcionando como um incentivo à construção de muros e grades.

"Não é a melhor coisa do mundo morar em um apartamento no térreo, em um prédio sem muros", diz.

Para a urbanista e professora do Mackenzie, Eunice Abascal, é preciso lembrar que esses projetos são casos isolados. "O importante é a conscientização do ambiente urbano, e não meros discursos de relação com a cidade por meio do aumento da calçada".


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