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Abrigo emergencial de 1871 sobrevive em Chicago

Barraco para desabrigados por incêndio era vendido por US$ 100; hoje, custa US$ 500 mil

SANDY KEENAN DO "THE NEW YORK TIMES"

"Que bonitinha", comentam os transeuntes com frequência ao passarem por uma casinha cercada por imponentes edificações em pedra na rua Menomonee, em Chicago.

O que eles em geral não sabem é que, embora a casa destoe hoje, em outubro de 1871 milhares de edificações exatamente como ela foram erguidas depois do grande incêndio de Chicago, que durou dois dias, matou cerca de 300 pessoas e deixou cerca de um terço dos 300 mil moradores da cidade desabrigados.

Conhecidas como "abrigos de socorro de incêndio", elas tinham dois tamanhos -o pequeno, vendido por US$ 100, e o ainda menor, de US$ 75. O modelo de 3,6 por 4,8 metros era para as famílias de até três pessoas; o de 4,8 por 6 metros era para famílias maiores.

Em novembro, 5.200 kits pré-fabricados já tinham sido erigidos -eles eram distribuídos, em muitos casos de graça, pela Sociedade de Socorro e Assistência a Chicago. Outros 3.000 estavam prontos até maio do ano seguinte.

As casas que não foram destruídas acabaram, com o tempo, de reforma em reforma, irreconhecíveis. A da rua Menomonee é uma das poucas, se não a única, ao que se sabe, parecida com as casas dos anos posteriores ao incêndio.

Ela pertence hoje a David Hawkanson, 67, diretor de teatro que a comprou em 2007, sem conhecer completamente a sua história, que ele só foi compreender quando, certo dia, na sua primeira primavera na casa, saiu ao jardim de calção para apanhar o jornal e encontrou um guia de turismo contando o passado da "casinha bonitinha".

O guia terminou com um floreio dramático sobre o preço de US$ 100 do "kit barraco", tantas décadas atrás. Em seguida, apontando para Hawkanson, disse: "E esse cara agora pagou quase US$ 500 mil por ela".

Com o tempo, Hawkanson passou a cultivar uma atitude filosófica sobre o fluxo constante de turistas. "Você entende que, quando compra uma propriedade assim, não é o dono, só o mantenedor."

Mas isso não o impediu de estabelecer alguns limites. Agora, ao menos, os guias resistem à tentação de revelar quanto ele pagou.

"Ameacei que esguicharia todo mundo com a mangueira se isso acontecesse", ele disse. Parece ter funcionado.


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