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Ciberarquiteto

Pequim e o design proibido

O design só faz sentido quando nos leva a olhar mais atentamente para o comportamento humano

escrevo este texto de um trem bala e minha cabeça gira como um tornado após dias intensos experimentando uma cultura tão diferente das que conheci até hoje.
Eu vim para a capital da China com um grupo muito especial de brasileiros para expor e palestrar na "Beijing Design Week".
Com curadoria de Olívia Yassudo, nosso objetivo principal foi realizar conexões criativas a partir de um processo de deriva, onde nos deparamos com situações que jamais caberiam nessa breve coluna.
Pequim se desenvolveu ao redor da Cidade Proibida, construída no início do século 15. Me explicaram que é chamada assim pois foi a morada de poderosos imperadores, que decidiam quem podia ou não entrar ou sair de lá.
Do lado de fora das suntuosas muralhas da Cidade Proibida está um dos lugares mais interessantes que já conheci, Dashilar. É uma espécie de vila operária que mais parece um labirinto, onde os limites entre a instância pública e a privada são totalmente borrados -rua e sala de estar se misturam. Casebres com séculos de história, entrelaçados por vielas, que juntas formam os chamados Hutongs.
Dashilar é pura poesia urbana, com seus vendedores ambulantes, curiosos artesãos, restaurantes duvidosos e motos e bicicletas elétricas buzinando freneticamente. Esse lugar abrigou parte do Festival de Design e exibiu as tantas controvérsias e complexidades de um país onde a liberdade é constantemente colocada em xeque.
Aqui, na alta velocidade desse trem e dos meus pensamentos, me dou conta que, pela primeira vez num festival internacional, eu não prestei atenção em design. Percebo que de nada importam processos criativos, materiais empregados, formas ou funções de um objeto. O design só faz sentido quando, de fato, nos faz olhar mais atentamente para o comportamento humano.
O design deve servir como óculos que nos fazem enxergar melhor. Se não prestamos atenção no homem, jamais poderemos desenhar espaços e cidades. Quando não prestamos atenção no homem, desenhamos apenas belos objetos, e o mundo em que vivemos hoje não precisa apenas de belos objetos.


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