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Ponto negativo é a perda de privacidade, diz expatriado

Estrangeiros estranham presença constante de funcionários na residência

"Meus filhos ainda fazem a cama todos os dias", diz brasileira que morou, sem empregada, fora do país por 15 anos

DE SÃO PAULO

Os estrangeiros entrevistados pela Folha não dispensam a comodidade de ter empregados domésticos, mas apontam, por outro lado, certo incômodo na presença constante desse profissional ao seu redor.

"Usando uma expressão francesa, é um presente envenenado. Dá uma enorme liberdade de viajar, trabalhar, ir ao cinema. Mas, por outro lado, sempre tem alguém em casa, você não tem total privacidade", diz Virginie.

Embora sejam exceção, em alguns casos estrangeiros até desistem de ter empregada.

O italiano Stefano Schiff até tentou se adaptar ao costume brasileiro quando chegou ao país, em 2004, transferido pela empresa multinacional em que trabalha.

Morando em um apartamento de 240 metros quadrados, em Piracicaba (SP), ele chegou a "testar" o serviço de uma doméstica por algumas semanas. Acabou desistindo.

"Gosto de manter o meu estilo no que se trata de limpeza e comida em casa, e não me adaptei à nova rotina", afirma. "Vivo muito bem sem funcionários."

Segundo ele, familiares e colegas que vivem na Itália não costumam contratar funcionários domésticos, mesmo tendo dinheiro.

"A mulher italiana não gosta de ter alguém interferindo na organização da própria casa", diz Schiff.

A surpresa com a disponibilidade de domésticas não atinge só estrangeiros, mas também brasileiros que voltam ao país.

Foi o caso da comunicadora visual Cristiane Von Koss, 51 anos. Ela descreve em poucas palavras a adaptação na Alemanha, país em que viveu por três anos, no início da década de 90, após seu marido ser transferido pela indústria farmacêutica em que trabalhava: "Foi um choque".

Aos 29 anos, com um filho de dois anos e outro de um mês de idade na "bagagem", a paulistana, além de não falar alemão e estar longe da família, teve de se adaptar à nova rotina doméstica.

Ela precisou se virar para cuidar dos bebês, cozinhar, limpar a casa, lavar e passar roupas. Ao contrário da realidade no Brasil, onde tinha empregada, a condição financeira não permitia bancar uma doméstica alemã. "Lá isso é coisa de gente muito rica."

Teve um lado bom: "Na marra, aprendi a ser prática e a não depender de ninguém". A experiência mudou os hábitos de toda a família, que viveu 15 anos expatriada, entre países da Europa e da América Latina.

Segundo Cristiane, seus filhos, agora adultos, "fazem a cama todos os dias".

De volta ao Brasil há seis anos, hoje a família conta com o serviço de uma diarista duas vezes por semana. "Está perfeito assim."


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