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Consumo em alta impulsiona os micronegócios nas favelas do Rio

Após pacificação do Alemão, Caixa saltou de 400 microcréditos em 2011 para 2.000 em 2012

Empréstimos abaixo de R$ 5.000 são a maioria; bancos apostam em agentes de campo para divulgar suas linhas

FABIO BRISOLLA DO RIO

O açougue de Manuel Novais, 56, atende diariamente 500 pessoas, em média, na principal e movimentada rua de acesso a Nova Brasília, uma das 13 favelas do Complexo do Alemão. Por mês, o faturamento do comerciante é superior a R$ 250 mil.

A prosperidade nas vendas de Novais sinaliza a boa fase dos negócios em comunidades de baixa renda localizadas na cidade do Rio.

O aumento do consumo reforçou os investimentos de microempresários, muitas vezes impulsionados pelos empréstimos concedidos por bancos com representantes em favelas.

"Do ponto de vista do consumo, há uma revolução em andamento nas comunidades do Rio", afirma Renato Meirelles, diretor do instituto Data Popular, especializado no setor de baixa renda.

É possível perceber a transformação pelo histórico da Caixa Econômica. Até 2010, as linhas de crédito para pequenos empreendedores, incluindo os informais, eram inexploradas pelo banco estatal nas favelas cariocas.

Em novembro do mesmo ano, com a ocupação policial do Complexo do Alemão, o banco passou a atender esse segmento. Encerrou 2011 com a concessão de 400 microcréditos. No ano passado, o número saltou para 2.000. A projeção para 2013 é alcançar a marca de 3.500 linhas de crédito concedidas.

"Percebemos que a procura pelo microcrédito dobra a cada seis meses", afirma Tarcísio Luiz Dalvi, superintendente regional da Caixa, que coordena o atendimento às favelas da zona norte.

CORPO A CORPO

A Caixa tem apenas duas agências dentro de comunidades: uma no Complexo do Alemão e outra na Rocinha. Para expandir o contato com os clientes, 170 emissários do banco circulam pelas ruas e becos das favelas cariocas.

"Recrutamos jovens nas próprias comunidades. Eles são treinados para orientar e apresentar todas as informações sobre nossas linhas de crédito", afirma Dalvi.

Itaú e Santander também apostaram em agentes de campo nas suas investidas nas favelas cariocas.

"Não tratamos o microcrédito em comunidades como uma iniciativa de responsabilidade social. Enxergamos como um novo modelo de negócios", diz Eduardo Ferreira, superintendente de microcrédito do Itaú.

Nas linhas de crédito concedidas prevalecem valores abaixo de R$ 5.000 por operação. Chamam a atenção os recursos solicitados por microempresários para compra de mercadorias ou reformas de seus estabelecimentos.

O incremento na economia das favelas ocorre mesmo nas áreas dominadas por traficantes ou milicianos.

Entretanto, os resultados mais significativos estão nas áreas com presença das UPPs (Unidade de Polícia Pacificadora), que oferecem condições mais atraentes para novos investimentos.

GOSTO PELO CONSUMO

"Muita gente se engana e pensa que pobre não é consumidor. Pobre gosta de gastar, sim, mas de acordo com suas possibilidades", afirma Novais, que cita como exemplo os refrigerantes que vende em seu açougue.

"Comecei a oferecer um refrigerante barato, o chamado 'mendigão', que custava a metade do preço. Não vendeu nada. O pessoal quer é Coca-Cola e Guaraná Antarctica."

Após a ocupação do Alemão, o açougueiro participou de um curso sobre empreendedorismo promovido pela rede Carrefour dentro da comunidade.

Aprendeu como embalar e armazenar cortes de carne em bandejas seguindo o modelo de grandes supermercados.

A partir daí, o microempresário do Alemão montou um freezer apenas com peças de carnes e aves previamente cortadas e selecionadas.

"Com as bandejas, a venda de frango aumentou 40% em um ano", afirma.


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