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Frase de Dilma sobre a inflação derruba apostas de alta de juros

Presidente criticou política que vincula redução de inflação a menos crescimento econômico

Discurso de Dilma teve forte impacto no mercado financeiro; governo disse que ela foi mal interpretada

PATRÍCIA CAMPOS MELLO ENVIADA ESPECIAL A DURBAN

A presidente Dilma Rousseff disse ontem não concordar com políticas que reduzem o crescimento para combater a inflação.

A declaração foi feita em reunião dos Brics (grupo composto por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e levou o mercado financeiro a reduzir apostas de que o Banco Central subirá os juros para controlar as recentes pressões inflacionárias.

A presidente afirmou na África do Sul que "esse receituário que quer matar o doente em vez de acabar com a doença é meio complicado. Vou acabar com o crescimento? Isso está datado. É uma política superada".

Embora Dilma tenha dito também que o governo está atento à inflação, o mercado interpretou seu discurso como indicação de que ela seria contra uma elevação de juros para conter a alta dos preços porque essa medida brecaria o crescimento.

Também causou desconforto a afirmação de Dilma de que, "nas questões específicas sobre inflação, eu deixo para ser falado pelo ministro da Fazenda", pois o BC tem autonomia operacional para decidir a taxa de juros com base na tendência dos preços.

Para o mercado, a declaração prejudicou a credibilidade da autoridade monetária.

A reação de investidores foi reduzir suas expectativas de alta de juros.

A taxa refletida nos contratos do mercado futuro com vencimento em janeiro de 2014 recuou de 7,79% na terça-feira para 7,74% ontem, depois de forte oscilação ao longo do dia.

O sobe e desce nas apostas para os juros foi provocado por uma tentativa do governo, depois da fala de Dilma, de passar a mensagem de que a presidente tinha sido mal interpretada.

Uma intervenção do Banco Central no mercado de câmbio, que provocou a apreciação do real, também contribuiu para a tendência.

SOBE E DESCE

O mercado havia começado a apostar com mais força em uma alta de juros a partir de fevereiro depois que o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, disse que a inflação estava em nível desconfortável.

Essa tendência arrefeceu nas últimas semanas na esteira da redução de tributos que incidem sobre a cesta básica (que deve contribuir para uma queda nos preços).

Mas o mercado continuou apostando em alta dos juros, já que Tombini havia reiterado na semana passada que a atividade econômica dá sinais de que cresce a um ritmo mais rápido e reforçou sua preocupação com o "nível e a resistência" da inflação.

A ata da mais recente reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) também alimentou a expectativa de que o BC pode elevar os juros para conter as pressões inflacionárias.

O IPCA, índice oficial de inflação, tem se aproximado do teto da meta perseguida pelo BC (de 6,5%).

A nova dúvida do mercado, após as declarações da presidente Dilma ontem, é se a alta da Selic será menor do que o esperado.

Isso, segundo analistas, poderia levar a inflação a continuar em patamar elevado.


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