Lista de textos do jornal de hoje Navegue por editoria
Tombini reafirma resistência da inflação
SHEILA D’AMORIM VALDO CRUZ DE BRASÍLIAO presidente do BC, Alexandre Tombini, disse ontem em audiência pública no Senado Federal que a inflação está alta e resiste a cair, sobretudo pela pressão dos alimentos e do setor de serviços.
Afirmou também que os reajustes estão disseminados por vários setores.
Inúmeras vezes Tombini repetiu que o BC mudou a sua posição desde a virada do ano, mostrando que a manutenção da taxa de juros por um longo tempo, defendida até o final do ano passado, já não é a mais adequada para o controle da inflação.
"Se e quando achar necessário, o BC usará o instrumento de política monetária para fazer com que a convergência [da inflação para a meta] se materialize à frente", disse. "O BC tem os instrumentos e está avaliando o cenário."
A avaliação predominante no mercado é que os juros subam em maio, provavelmente em 0,25 ponto percentual, levando a taxa a 7,5% ao ano.
Analistas especulam que o BC possa antecipar a alta dos juros na próxima reunião, nos próximos dias 16 e 17, como reação aos ruídos de comunicação dentro do governo sobre política monetária.
Os ruídos começaram com declarações de Dilma durante viagem à África do Sul, na semana passada. Em entrevista, ela afirmou: "Esse receituário que quer matar o doente em vez de acabar com a doença é meio complicado. Vou acabar com o crescimento? Isso está datado. É uma política superada".
Embora tenha afirmado em seguida que não seria tolerante com a inflação, o mercado interpretou que o Planalto pressionaria o BC contra a alta dos juros -que esfria a economia.
No Senado, Tombini insistiu que tem autonomia operacional. "O Banco Central não se sujeita a qualquer tipo de pressão."