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Análise
Avanço nos bens de capital é alento em meio às fragilidades
RODRIGO NISHIDA ESPECIAL PARA A FOLHAA queda de 2,5% da produção industrial de janeiro para fevereiro surpreendeu negativamente. Trata-se do maior recuo desde dezembro de 2008, quando a crise internacional se fez sentir com mais força sobre a indústria brasileira.
Ainda que boa parte dos analistas esperasse recuo considerável, o resultado de fevereiro praticamente anulou o expressivo crescimento do primeiro mês do ano.
De forma geral, os números de fevereiro reforçam o quadro de avanço lento e bastante incerto da produção industrial nacional.
Na passagem de janeiro para fevereiro, o recuo mais expressivo, dentre as categorias de uso, partiu de bens de consumo duráveis, com contribuição decisiva de automóveis e de comerciais leves.
É provável que boa parte das montadoras tenha transferido parte das férias coletivas de dezembro e janeiro para fevereiro, no intuito de atender à demanda aquecida provocada pela elevação das alíquotas de IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) na passagem do ano.
Entretanto, a queda não se limitou apenas a veículos automotores: 15 dos 27 ramos abarcados pela pesquisa apresentaram retração.
Apesar da predominância de taxas negativas, a leitura de fevereiro trouxe um aspecto positivo. Os setores produtores de bens de capital registraram o segundo avanço expressivo consecutivo, acumulando ganho de 10,9% na comparação entre fevereiro e dezembro.
A produção de caminhões e ônibus se manteve em patamar elevado, influenciada por taxas de juros atraentes para os compradores e pela safra agrícola recorde.
Também os segmentos de máquinas e equipamentos, material eletrônico e aparelhos de comunicação e máquinas e materiais elétricos mostram importante alta no primeiro bimestre.
Vale lembrar que esses segmentos foram os principais responsáveis pelo recuo da indústria no ano passado e são apontados como fundamentais para a recuperação esperada para 2013.
Esses dados, aliados às informações de importações e exportações de bens de capital nos primeiros dois meses de 2013, sugerem que os investimentos registraram alta próxima de 9% nesse período, em relação ao mesmo período do ano passado.
Isso reitera a avaliação de que o destaque positivo do PIB do 1º trimestre de 2013 deverá advir dos investimentos.
A evolução deles ao longo do ano será decisiva para determinar se o PIB realmente acelerará substancialmente ou se observaremos mais um ano de frustração.
Os indicadores do começo do ano são alentadores, apesar da situação ainda frágil da indústria.
RODRIGO NISHIDA é economista da LCA Consultores.