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Inflação muda hábitos de classes A e B

Consumidor troca avião por carro, evita estacionamento e restaurante e espaça idas ao cabeleireiro e à manicure

Levantamento que leva em conta itens com maior peso no consumo dos mais ricos mostra aumento dos serviços

PEDRO SOARES DO RIO LUCCA ROSSI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para fugir de um aumento de 178,34% nas passagens aéreas de 2008 até fevereiro de 2013, a professora aposentada Regina Bonfim, 62, enfrentou, ao lado do marido, mais de 3.000 km para visitar de carro os filhos no Rio e em Natal. A gasolina subiu 15% no período, abaixo da inflação -33,81%, segundo o IPCA.

A decisão de Bonfim ilustra uma tendência das classes A e B: diminuir gastos diante de reajustes salgados.

Os dados são de levantamento da Folha, com base no peso de cada item na Pesquisa de Orçamentos Familiares (2008-2009), do IBGE, e na evolução de preços pelo IPCA.

As famílias de renda mais alta eram as com mais de R$ 4.150 mensais em 2008-2009, compatível com classes A e B, segundo a FGV, para 2008 (mais de R$ 4.591). O IBGE não usa esse conceito.

RESTAURANTES

Nessas faixas, os destaques são para os serviços. Com mais peso no consumo do topo da pirâmide, subiram mais que a inflação viagens (inclusive hotéis), saúde, educação e alimentação fora do domicílio: esse item ficou 63,73% mais caro de 2008 a fevereiro de 2013.

O engenheiro Luiz Kurbhi, 67, passou a economizar por considerar "um absurdo" pagar até R$ 125 por pessoa "num bom restaurante".

Ele reclama ainda dos estacionamentos. Com menos IPI, o carro novo ficou mais barato (12,9%), mas tudo que gira em seu entorno aumentou de preço. A oficina, por exemplo, subiu 47,3%.

Eulina Nunes dos Santos, coordenadora de Índices de Preços do IBGE, diz que o consumo em alta propicia aumentos de preços maiores e repasses de custos mais intensos, situação que perpassa por vários setores, como alimentos, colégios e outros.

"Não creio que as pessoas tenham aberto mão de alguns itens, como plano de saúde, por exemplo. Mas certamente há uma migração para produtos mais baratos." Indexado e com reajustes autorizados pelo governo, o plano de saúde aumentou 41,71% de 2008 a fevereiro de 2013.

Quem usou médico particular sentiu no bolso. O contador Carlos Spressão, 59, morador de Marília (SP), precisa visitar regularmente um endocrinologista na capital. "Paguei R$ 600 por uma consulta em novembro. A da semana custou R$ 800."

Serviços menos especializados e com peso igual em todas as faixas de renda também encareceram. O cabeleireiro subiu 6,80% em 2012 e segue em alta em 2013. A manicure aumentou ainda mais em 2012 (11,77%) e também mantém-se em alta.

"Para fazer mão e pé perto da minha casa, em Pinheiros, pago R$ 49. No início do ano, saía por R$ 25. Agora, só uma vez por mês", afirma Angela Pereira Lima, 64.


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